Carta Aberta a António José Seguro

sexta-feira, 30 de outubro de 2015


Estimado Dr. António José Seguro,

Escrevo-lhe esta carta devido aos recentes acontecimentos que dizem respeito ao futuro do meu país. Escrevo-lhe, também, porque considero que tem um papel fundamental na decisão desse mesmo futuro, não podendo alhear-se de ter uma participação activa nessa mesma decisão.

Como sabe, as eleições ditaram um resultado claro, todavia perverso. Os portugueses decidiram que o poder não deve ficar somente na coligação PSD/CDS, mas, mesmo assim, consideraram que devem ser estas duas forças a governar, embora com algumas limitações. Claro foi, também, o resultado do Partido Socialista. É por demais evidente que os portugueses não querem António Costa como primeiro-ministro. Contudo, ele quer sê-lo, apesar de ter perdido as eleições. E aqui é que reside o problema. Problema, esse, que o Dr. António José Seguro pode solucionar.

Então, António Costa joga aqui a sua sobrevivência política e o Dr. António José Seguro saberá certamente daquilo que António Costa é capaz de fazer para sobreviver politicamente. Note-se que está disposto a governar com o apoio do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista! Como o Dr. António José Seguro bem sabe, tal governação nunca será estável, séria e credível. Todos sabemos de que se trata apenas de uma ambição desmedida pelo poder por parte de António Costa e de um aproveitamento estratégico por parte do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista, com o intuito de se afirmarem como partidos de governo e, dessa forma, conseguir conquistar mais eleitorado à sua direita, isto é, no eleitorado do Partido Socialista.

Tudo isto seria muito engraçado e interessante caso fizesse parte do guião de uma série de televisão, mas não. É real. Esta intenção de derrubar um governo eleito pelo povo logo após a sua tomada de posse e consequente tomada de assalto do poder por parte de António Costa não o deve surpreender, eu sei. A mim também não me surpreende. Mas o Dr. António José Seguro sabe que, caso isso aconteça, Portugal sofrerá muito e, quando falo de Portugal, falo do nosso povo e, principalmente, dos jovens deste país. Nós, jovens, fomos os que mais sofremos com esta crise. Eu tenho noção, e espero que o Dr. António José Seguro também tenha, de que o nosso futuro foi hipotecado. Nós, jovens, temos uma dívida que teremos de pagar ao longo de toda a nossa vida. Dívida, essa, que foi contraída à nossa revelia, sem o nosso consentimento e anuência. Mas seremos nós a pagá-la. Como tal, peço-lhe que pense em nós.

Sei que não é fácil para si e para os seus ir contra a vontade do seu partido. Mas eu quero acreditar que no Partido Socialista ainda há gente com coragem, livre e com sentido de Estado. Por ironia do destino, a decisão do futuro governo de Portugal está nas suas mãos. Com os deputados que lhe são afectos e que eu acredito que o Dr. António José Seguro consiga chamar à razão, tem a oportunidade e o poder de pôr fim a este lamentável espectáculo. Tenho igualmente a plena convicção de que a coligação estará disponível para discutir consigo compromissos e que honrará esses mesmos compromissos para que se consiga a governação estável, credível e séria de que Portugal necessita neste momento.

Chegou a hora dos homens se sobreporem aos partidos. Chegou a hora de colocar o interesse nacional à frente do interesse partidário. Chegou a hora do Dr. António José Seguro tomar uma atitude e salvar Portugal desta loucura. A nossa nação e o nosso povo não podem sofrer mais!


Com os meus melhores cumprimentos,

Alfredo Sousa - Presidente JP Distrital Braga

O Caldeu

quinta-feira, 29 de outubro de 2015



Hoje, para variar, o tema é mais local e impressivo. E reporta-se a uma publicação numa rede social do vereador das finanças em Guimarães, Ricardo Costa, sobre o líder da Coligação Juntos por Guimarães.

O “ Caldeu”, como simpaticamente o intitularei, num texto publicado no facebook, investiu-se nas faculdades de Nebucadrezar  para “proteger a coroa” socialista do Reino de Vimaranis. Segundo consta, contra aquele que – por evidência – o próprio designou de “Príncipe”, i.e. do real e legitimo herdeiro do trono municipal, no caso, André Coelho Lima o líder da Coligação de Centro – direita em Guimarães. E não por jusnaturalismo, antes, porque o povo dá mostras claras de quem quererá para governar o município.

De facto, a forma metafórica com que ousou expor um legítimo pensamento político permite também que o transportemos para o reino da História, neste caso, mais fáctica do que lendária. Sendo certo que, na forma, por aqui, usar-se-á mais comedimento e não a conversa de "buvette" com que nos brindou e de que podem testemunhar: https://www.facebook.com/ricardocastrocosta/?fref=nf&pnref=story. 

Não por acaso escolhi Nebucadrezar, líder dos Caldeus – povo que iniciou os banhos públicos precursores das futuras termas  - já que, a este, lhe imputaram sintomas de licantropia.

Costa, saído do Complexo Termal da nobilíssima Vila das Taipas, quer também transformar-se em lobo, ao jeito do que Maquiavel interpretava os fazedores políticos. E digo lobo e não leão, porque já percebemos que Costa não ruge, mia. Mas escondido num pêlo astucioso disfarça uma postura que me faz pensar que o cognome que metaforicamente lhe atribuo é até hiperbólico.

Mas vamos à leitura política que essa é que é substantiva e merece análise.

O que terá levado Costa a afrontar o líder da Coligação? Muitas são as leituras: “ Bragança está cansado e não vai ao “2º round” e Costa quer arrumar, desde já, com Portilha afirmando-se como sucessor natural”; “está a dizer a Bragança como é que (não) se faz, numa tentativa de o afrontar, visto que este o desautorizou várias vezes, a mais visível, no caso das taxas para os espaços do cidadão”; “está a lançar a candidatura à liderança do PS local afastando Costa e Silva” e podia continuar por aí fora, visto que são muitas as conjeturas que se podem aventar.

Uma coisa é certa, com aquele texto, Costa quis afirmar-se politicamente, tentando comprar uma guerra com quem afincadamente está a preparar-se para ser o próximo Presidente de Câmara. A questão que se põe é: conseguiu? E a resposta é simples: não! E analisemos em duas vertentes.

Em primeiro lugar, não conseguiu, porque - os exemplos que tenta dar para fragilizar o líder da Coligação Juntos por Guimarães, são tão factuais e demonstráveis documentalmente que nenhuma retórica  elaborada – muito menos a usada – os podem refutar; de facto Coelho Lima é o principal responsável, com Sara Fernandes, pela vinda do pólo universitário das Nações Unidas para Guimarães; sem Coelho Lima o problema criado pelo PS na gestão das cooperativas municipais, de que o próprio Costa é um exemplo, não teria sido resolvido pelo Governo PSD/CDS; sem um debate amplo a toda a comunidade, que a Coligação estendeu aos demais partidos e instituições locais, a Via do Avepark, teria um traçado atentatório do ambiente, do território e delapidaria dinheiros públicos.

Em segundo lugar, porque todos, os que cá andamos no burgo, sabemos que o eixo da roda não é Costa, antes, Paulo Renato. O (contra) poder está em Moreira e não nas Termas.

Quando Paulo Renato quiser reduzir a pó, Costa e o seu deputado, carrega na ponta das molas e a “roupa que pôs a estender”, cai no chão desamparada. E Costa sabe disto. E sabe também que fica com Bragança ou com Paulo Renato: não poderá servir a dois senhores, como agora faz, esquecendo quem lhe deu vida. O tempo e a paciência de ambos estão a esgotar. A não ser que este último, já o tenha investido como líder da “fação” o que deveras se estranharia porque Renato é, a muitos Kms de distância, melhor do que Costa. Renato ganha eleições, Costa perde; Renato preside a associações, Costa é nomeado; Renato tem anos de partido, Costa e sucedâneos são produto de “aviário”; Renato é do terreno e Costa – ele sim – vive num mundo fantasioso cujo acordar será tão penoso quanto babilónico.

O que terá motivado, então, Costa? A indefinição de Paulo Renato. Diz-se que Renato – que tarda em assumir-se dando espaço a erros como este de Costa - busca um general para liderar as tropas no “assalto final” ao “ninho socialista”.

Costa viu a oportunidade para evidenciar-se antevendo largar Bragança para ficar com os Cónegos. Sem ver os inconvenientes, porque não sabe nadar, arvorou-se em McNamara, embora saibamos que do Ave não vêm grandes ondas por mais “banhos públicos” ou “ banhos velhos” que tente tomar.   


Bem Vistas as Coisas, o “Caldeu”, terá de optar por Bragança ou por Renato. Num caso sacrifica já o seu amigo neófito deputado. Noutro, sacrifica-se a ele próprio. Em qualquer dos casos, bem quisto este presságio provocado, já sabemos como a “estória” acabará em 2017: todos vão ralhar e ninguém terá razão! 

Artigo de Orlando Coutinho - Presidente da Comissão Política CDS Guimarães               

EcoIbéria... Interesses Conflituantes

sexta-feira, 23 de outubro de 2015


Ponto prévio: as preocupações ambientais devem sempre encimar os desígnios de qualquer órgão político.

Naturalmente, que nos tempos que correm, tais inquietações devem ser conjugadas com a maximização económica, no incentivo à instalação da indústria, exponenciando postos de trabalho.

Porém, apesar de ter tais desideratos em consideração, não se poderá nunca sacrificar o quadro populacional existente à luz do crescimento económico a todo o custo... nem querer impor, desmesuradamente, a terceiros algo que lhes vai acarretar um sacrifício deveras injusto.

E, em Guimarães, mais propriamente em Penselo tem ocorrido esta, aparentemente, insanável dicotomia. Tal deve-se à instalação da sociedade EcoIbéria – Reciclados S.A. na freguesia. Esta empresa, que segundo o seu sítio na Internet, irá encarregar-se de reciclar dois mil e duzentos kilos de lixo por hora.

Todavia, existem os outros problemas...

Desde logo, as populações que não foram tidas nem achadas na implantação da dita empresa. Com efeito, bastará ler e ouvir as várias notícias da imprensa local para aquilatar o quão problemática tem sido a convivência entre as partes. E será suficiente a deslocação às habitações dos moradores para se perceber o quanto foram desrespeitados na escolha do local para a implantação da recicladora.

Com efeito, esse desrespeito foi conducente a diversos danos nas suas habitações (rachadelas, afundamentos), barulhos e futuramente odores indesejados.

Mas, será a culpada a EcoIbéria?

Não, obviamente que não...como dissemos, até se saluta a instalação de investimento no nosso concelho e para isso aprovou-se em executivo municipal a isenção de impostos e taxas municipais.

Então, onde estará a culpa, se é que existe de alguma parte, ou este será um dos casos em que a dita morre solteira?

A nosso ver a resposta será simples e curta.

A Câmara Municipal de Guimarães prestou um péssimo serviço aos seus munícipes, inclusivamente aos cidadãos que votaram em quem a vai dirigindo.

Desde logo, bastará ler a minha amiga e Colega Cecília Oliveira Soares, em artigo de opinião no Reflexo Digital de 08 de Outubro de 2015, que escreve que “É certo que a licença que autorizou esta operação urbanística foi emitida pelo executivo camarário antes da aprovação, pela Assembleia Municipal de Guimarães, do novo PDM. Todavia, o espaço de tempo que medeia entre um facto e outro é de, sensivelmente, um mês, pelo que não se compreende como é que o procedimento de licenciamento não foi suspenso até à votação do novo PDM. O que seria, em minha opinião, o mais coerente, até porque foi o próprio executivo municipal que propôs que a área onde se pretende construir essa unidade fabril fosse classificada reserva ecológica no PDM vigente.”

Orá, este trecho será esclarecedor. Porque é que a licença foi emitida pela Câmara Municipal antes da aprovação do PDM?

Porque o mesmo não foi suspenso?

Aliás, se lembrarmos as notícias de Abril do presente ano, quando o mesmo foi aprovado, recordaremos com facilidade as criticas em uníssono dos partidos da oposição. Tais passavam pelo agendamento da proposta do Plano Director Municipal com meras vinte e quatro horas (!) de antecedência. Para algo que esteve em discussão durante três anos, haveremos de convir a rapidez e a solicitude em tal acto.

E se demorou três anos, qual a razão de tão rápido licenciamento?

Ou terá simplesmente sido para contornar a questão de tais terrenos virem a ser classificados de reserva ecológica, que como sabemos tratam-se de estruturas biofísicas que integram áreas com valor e sensibilidade ecológica. Tal restringirá a ocupação, o uso e a transformação do solo.

A verdade é que, como tem sido hábito no executivo municipal, nada é esclarecido... os munícipes, mesmo os afectados, não são merecedores de uma resposta clara sobre o que está a ocorrer. Efectivamente, os défices comunicacionais de quem manda são de todos conhecidos, mas a verdade é que quem desempenha um cargo público tem de estar preparado para dar resposta às dúvidas, inquietações e problemas dos cidadãos que o elegreram...e neste caso, como em outros, tal não tem sucedido!!


Reitere-se porém, que nada existe contra a empresa que procura simplesmente expandir o seu mercado e o seu trabalho... algo de legítimo e de salutar nos dias de hoje! Mas, reforce-se, porque é que quem podia alterar a localização desta, colocando-a num local que não afectasse nada nem ninguém, não o fez? E com que interesses? E com que intuito? Essas serão as perguntas do milhão de dólares...

VASCO RODRIGUES - Comissão Política CDS Guimarães