A Máquina do Tempo...

sexta-feira, 18 de novembro de 2016


A obra literária de Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra, poderá servir de ponto de partida para algumas reflexões sobre a política autárquica vimaranense.

Com efeito, apesar da trama relatar a viagem de Lisboa até ao Ribatejo servindo essa para contar a história do amor de Joaninha e Carlos, a verdade é que o leit motiv essencial da obra centra-se no confronto óbvio, na altura, entre o Portugal envelhecido e corroído pelo absolutismo e pelo desempoeirado Portugal, que se pretendia renovador e liberal.

Todavia, por muito, que nos possamos surpreender, na actualidade esse desafio de forças opostas ainda existe em muitos locais, onde o poder instalado foi-se cristalizando e sobrevivendo, ganhando laivos de absolutismo.

Em Guimarães, que é o que nos interessa, a verdade é que trinta anos de poder nas mesmas mãos levou a que tal ocorresse. Fruto de um poder desmesurado na Câmara Municipal, na Assembleia Municipal e nas freguesias, facilmente as ideias gizadas eram postas em prática e, pasme-se, as boas ideias apresentadas pela oposição eram facilmente rejeitadas, por não terem o selo da paternidade pretendida!

Porém, fruto das limitações de mandatos, teve de ocorrer a necessária mudança de poderes, ainda que o ideal de governação se procurasse manter imutável. Contudo, tal imutabilidade sofreu um sério rombo, já que, hodiernamente, a organização dos principais partidos da oposição (PSD e CDS) na Coligação Juntos por Guimarães, à qual também se juntaram o PPM e o MPT, levou ao descontrolo de quem manda.

Tal descontrolo tem sido visível na falta de rumo de governação e num combate dialético entre quem vai bolinando à vista e quem tem um projecto definido para Guimarães, quem vai a todas as freguesias, quem conhece os elementos de todas as associações, quem com eles fala.

Fruto desse combate, o descontrolo é visível e tem feito quem manda viajar numa máquina do tempo. Viagem essa que tem como objectivo apostar nas boas ideias que anteriormente a oposição apresentou, mas que por terem tido essa paternidade foram rejeitadas.

Falamos do metro de suprerfície, agora apresentado com um nome mais chic de tramway. Pega-se numa ideia de 2004, de Rui Vitor Costa, dá-se um polimento, coloca-se um laçarote para parecer uma ideia nova et voilá... propõe-se algo que anteriormente o mesmo partido houvera recusado.

Falamos da Loja do Cidadão que Guimarães vai passar a ter e que se saúda. Porém, é importante recordar que os Vereadores da coligação Juntos por Guimarães já haviam reivindicado essa medida para o nosso concelho, em Abril e Maio de 2015, no âmbito do Programa “Aproximar” implementado pelo anterior governo PSD/ CDS, seguindo uma estratégia que visava a reorganização dos serviços de atendimento da Administração Pública com o objectivo de aproximar o Estado dos Cidadãos.

Importará, no tocante a esta situação relembrar que em reunião de Câmara realizada no dia 30 de Abril de 2015, o vereador André Coelho Lima questionou o Presidente da Câmara quanto ao trabalho que Guimarães está fazer para ser uma das contempladas com a instalação de Lojas do Cidadão na segunda fase, após a aprovação do Programa “Aproximar” com a inauguração de 36 novas Lojas do Cidadão no País.

Na altura André Coelho Lima felicitou o Governo por avançar com a iniciativa de instalar Lojas do Cidadão em todos os concelhos do País e não apenas em alguns como até aqui sucedia, tendo revelado que “se já era estranho que Guimarães, uma cidade da nossa dimensão e importância, não tenha sido contemplada com uma Loja do Cidadão, achamos que devemos agora estar na linha da frente para que a nossa cidade seja das primeiras a receber as Lojas do Cidadão cuja instalação será decidida em breve”.

Ou seja, tal medida apresentada é novamente de paternidade que desagrada a quem manda e que a todo o custo procura fazer da ideia sua.

Por seu turno, Ricardo Araújo, em 16 de Julho de 2015, questionou a Câmara sobre quais as diligências que estavam a ser tomadas no sentido de Guimarães ter uma Loja do Cidadão a curto prazo. Na resposta, o Presidente da Câmara defendeu que "a criação da Loja do Cidadão no actual modelo destina-se a acabar paulatinamente com os serviços de proximidade até agora assegurados pelas Repartições de Finanças e pela Segurança Social".

Então, o que mudou?

Apesar de, como se referiu, saudar-se a medida, a verdade é que as viagens ao passado, na nossa terra, do Partido Socialista só demonstram uma governação sem ideias, nem rumo próprio...um relembrar do bom trabalho, de quem fora da governação, tudo faz para que Guimarães cresça e se desenvolva...

Quanto às próximas ideias da Governação, o leitor ouse também entrar na máquina para prever o que vai suceder...

Artigo de Vasco Rodrigues - Comissão Política CDS Guimarães