Grande Entrevista Com Orlando Coutinho...

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017



Fomos encontrar o Presidente do CDS num ambiente familiar de preparativos de comemorações adventícias. Primeiro porque a Francisca fazia dois anos e depois porque a recente notícia de uma irmã para lhe fazer companhia não deixa esconder a alegria de Pai babado com a sucessão.

Mas este encontro foi para falar de outras sucessões e de balanços políticos na hora de dizer adeus à liderança da concelhia de Guimarães do partido, para – nos seus dizeres – se dedicar a labores domésticos e familiares que já não se furta, mas que não se aprimora com o zelo devido. Por outro lado, desafios académicos que reclamam uma presença que se vai tornando inadiável.

Foi neste espírito pré-natalício que iniciamos uma conversa que o Rumar à Direita fez questão de empreender antes de passar a linha editorial de quem, no futuro próximo, se lhe seguirá.

RaD – O Rumar à Direita quer lançar o desafio de conduzirmos esta conversa em tom de entrevista em três partes: o partido e o seu percurso nos últimos três anos e meio; as eleições autárquicas do passado dia 1 de outubro e por fim o futuro do espaço político onde está o CDS. Desafio aceite?
OC - Com muito gosto. Em primeiro lugar achei a iniciativa interessante para a afirmação de um projeto editorial que surgiu no seio da Comissão Política, por que à época como agora, entendíamos a falta que fazia um espaço comunicacional, sobretudo no panorama digital, onde o centro – direita pudesse falar sem amarras e o Rumar à Direita conseguiu esse estatuto. Por outro lado, porque a elencagem proposta está bem maturada na minha cabeça.

RaD - Comecemos então pelo partido. Quando em 2014 avançou para a liderança concelhia do CDS trazia, certamente, alguns sonhos. Foram cumpridos? Que balanço faz?
OC - Não falaria em sonhos, antes em objetivos claros e bem definidos. Queria que o CDS ajudasse a construir uma alternativa política ao PS que gozava e goza de uma maioria absoluta quase imemorial. Queria que o partido tivesse as ideias bem arrumadas e com mais músculo no território e que fosse a terceira força política em Guimarães influenciando, desse modo, o poder. Alguns desses objetivos foram conseguidos, outros não. Infelizmente nem tudo o que idealizamos conseguimos materializar e na política essa é uma realidade que persegue todos os atores que se dispõem a entrar em cena.

RaD - Mas faltaram-lhe condições para concretizar o seu plano de ação?
OC - As condições, em política, quando não as temos, criam-se. Os políticos são sobretudo agentes de mudança. E se eu e a minha equipa não fomos capazes de as criar a todas, demos passos sólidos em frente. A verdade é que beneficiei de um clima propenso a alguns avanços. O projeto que encabecei era muito claro e vinha em seguimento de um trabalho extremoso que o Rui Barreira tinha feito. A sequência era lógica: granjear o terreno fértil de modo a que o CDS se tornasse incontornável no panorama político local.

RaD - Fale-me então das condições que tinha e quais teve a necessidade de criar…
OC - Quando cheguei tinha um partido bem afirmado no cenário político local, regional e nacional. Localmente o Rui Barreira recuperou, para o CDS, um vereador que lhe fugia há anos. E deixou um grupo parlamentar sólido. Recordo que à época o CDS – apesar de estar a cumprir um programa de ajustamento para o país – era parceiro de uma Coligação de Governo e tudo isso deu notoriedade, pelo serviço que os seus quadros prestaram, ao partido.

RaD: E então o que teve de criar?
OC - A verdade é que a minha primeira Comissão Política era muito extensa. Procurei não excluir ninguém que vinha de trás e incluir novas figuras que pudessem trazer algo de novo ao partido e, por sua via, à sociedade vimaranense. E isso obrigou a consolidar processos de funcionamento internos para poder ficar próximo de concretizar os eixos de desenvolvimento geral externos que tinha definido como prioritários. Em concreto isso obrigou a colocar a sede mais funcional, a fazer regulamentos internos para funcionamento da Comissão Política, Comissões Especializadas para o tratamento de algumas matérias de intervenção política, a reformular a política de comunicação, regulamentos para a relação com os autarcas eleitos, para a criação e funcionamento de Núcleos de freguesia e mais tarde quando ficou trilhado o caminho firme com a Coligação Juntos por Guimarães, a metodologia de representação e decisão política no seio desse grupo alargado e interpartidário.

RaD - Esses mecanismos, extensos, funcionaram?
OC - Os modelos eram novos e originais. E como qualquer ideia nova, a compreensão, assimilação e o pôr em prática de toda esta nova orgânica – sobretudo porque havia quem vinha de trás com práticas diferentes – não foi fácil nem bem conseguida na totalidade. Por exemplo, houve necessidade de reduzir a Comissão Política do primeiro para o segundo mandato para tornar o órgão mais funcional; a relação entre os autarcas e a Comissão Política careceu de maior envolvimento, situação mitigada aquando da integração dos processos políticos no seio da Coligação. Mas houve procedimentos bem oleados e a funcionar com agilidade e coerência.

RaD - Escalpelizemos um pouco estas ideias que procurou instituir. Ao que percebo, os Núcleos de Freguesia eram um instrumento importante para – pegando nas suas palavras – ter “mais músculo no território”. Foram criados e com que resultados?
OC - Deram-se passos importantes, mas ainda há muito por fazer. Começamos por dividir o território concelhio em 12 partes para criar os núcleos territoriais que pudessem, numa fase mais avançada do processo e quando falo em avançada digo-o com a consciência que tal demora alguns anos, desdobrar-se em 48 como o número de freguesias e uniões que temos no concelho. Do objetivo inicial, ou seja, dos doze, tivemos dois perfeitamente institucionalizados com órgãos eleitos, Creixomil e Azurém; quatro com Delegados nomeados a caminhar para a institucionalização com processo eleitoral autónomo; e seis com pessoas identificadas e em inicio de percurso, mas digamos que em constituição.

RaD - Muito aquém do projetado então?
OC - Sejamos francos: é um processo difícil. Mas dos 12 iniciais, metade estão no caminho da consolidação plena e metade ainda em embrião. Chegar ao objetivo final é ainda – nesta fase – uma miragem, mas o caminho faz-se andando. Contudo foi este projeto que permitiu que o CDS se tornasse a terceira força política nas Assembleias de Freguesia com 15 eleitos, mais um que os Grupos de Cidadãos Independentes e mais 3 que a CDU. E este foi um ganho substantivo do ponto de vista da afirmação política e institucional do CDS em Guimarães. Contudo é preciso andar rápido, porque este galardão é frágil se não for sedimentado o sustentáculo necessário à sua afirmação futura. É preciso calcorrear as freguesias. É preciso muita entrega e dedicação que não pode faltar aos vindouros para entregar o partido melhor do que encontraram.  
  
RaD – Em que consistiram as Comissões Especializadas que falou e que trabalho fizeram?
Vou-lhe dar exemplos curtos, haveria muitos mais, mas apenas os mais visíveis. A Comissão da Família propôs que Guimarães lutasse pela Bandeira Verde das Autarquias Familiarmente Responsáveis, desafio ainda não acolhido pela Câmara. A Comissão de Segurança visitou as corporações de Bombeiros e propôs uma série de medidas através da Dr.ª Cristiana Castro sua responsável no Conselho Municipal de Segurança. A Comissão do Território cumpriu o seu objetivo principal: visitar todas as freguesias do concelho e suas instituições. A Comissão de Economia, realizou uma iniciativa para empreendedores que juntou mais de 250 pessoas para falar dos fundos comunitários Portugal 2020. E na Comissão da Identidade além de nos órgãos próprios termos incentivado à promoção da Nicolinas como Património da Humanidade, fomos – com todas as forças políticas locais – signatários da candidatura de Guimarães a Capital Europeia Verde.

RaD – Falou também em alterações na política de comunicação. Em que consistiu isso?
OC - Consistiu, na prática, em termos uma página nas redes sociais mais dinâmica. Em termos este Blog com mais de 1000 visitas mensais para ver opiniões políticas o que é de louvar. Em termos os nossos principais quadros a escrever para os jornais locais e a fazer comentários na Rádio Fundação e na Rádio Universitária do Minho. Em deixarmos para o futuro uma página oficial da concelhia. Em construirmos um repositório de vídeo que ficou albergado num canal on-line da Meo. Em enviarmos comunicações permanentes para os militantes, enfim tornar a vida interna e externa do partido mais aberta e com maior frequência. 

RaD – Quer explicar as “carências no envolvimento com os autarcas eleitos” que acima manifestou?
OC – Deveria ter havido uma maior cumplicidade entre os representantes autárquicos e a Comissão Política, sobretudo no que toca ao Grupo Parlamentar. Havia moções, propostas e medidas de cariz doutrinário que podiam ser elevadas naquela sede. Tudo isto foi mitigado mais tarde com um regulamento no seio da Coligação que acabou por traduzir uma condução política global centrada no líder deste movimento interpartidário. Perdeu-se em “multiculturalismo”, mas ganhou-se em orgânica geral, já que havia uma ideia perigosa do cada um por si.

RaD – Que legado pensa então ter deixado ao CDS?
O partido tem as contas pagas e saldo para andar. Afirmou-se do ponto de vista da identidade com o festejo dos seus 40 anos, e com a homenagem dos seus momentos históricos mais marcantes a nível local; iniciamos o processo dos Núcleos; mudamos as formas de comunicação; deixamos uma sede mais funcional e a concelhia de Guimarães ficou bem representada nos órgãos partidários regionais e nacionais. Politicamente conseguimos ficar como terceiro partido em termos de representação autárquica. Enfim, respeitamos o legado que nos foi passado e entregamo-lo melhor, como se quer sempre num processo de continuidade e de crescimento. Assim espero que possa continuar a fazer a próxima Comissão Política.

RaD – Consciência tranquila como perguntou um militante no último plenário do partido?
Ninguém fica de consciência tranquila quando não consegue o seu principal objetivo. Contudo, atendendo ao histórico, ficar com o melhor resultado do partido nos últimos 28 anos em Guimarães, quer em eleições nacionais, quer locais, não me faz tirar o sono. A ambição é sempre mais, espero que esse desígnio não se perca para o futuro.

Autárquicas

RaD – Vamos então virar a página e falar de autárquicas. Como leu os resultados eleitorais do passado dia 1/10?
Perdemos. E não há que mistificar o que de bom conseguimos. A verdade é que concorremos para ganhar e não ganhamos. Estivemos melhor em vários aspetos do trajeto político que fizemos. Conseguimos trabalhar com tempo uma Coligação pré-eleitoral, algo inédito. Apresentamos um candidato com notoriedade e propostas claras. Mas a frieza dos resultados é taxativa. Há que ter em conta uma leitura nacional, que não é despicienda, e uma leitura local que dependia eminentemente de nós. Na globalidade não atingimos o objetivo e esse é o principal facto.

RaD – Fala em derrota. Mas não viu sinais de crescimento em termos de representação?
OC - Vi sim e acho que as tendências – para quem como eu gosta de Ciência Política – não podem ser ignoradas. Esta Coligação, subiu em número de votos e subiu um vereador na Câmara de Guimarães. Já ao contrário, nas freguesias, baixamos substancialmente. É preciso fazer bem o diagnóstico de tudo isto e saber interpretar friamente os resultados.

RaD – O que é que falhou, então, na sua perspetiva?
OC – A nível nacional, apanhamos uma boa resposta do Governo Socialista. Os números da execução orçamental positivos, desemprego a baixar, devolução de rendimentos, agências financeiras a tirar o país do lixo, enfim boas notícias que aproveitou o PS em detrimento dos partidos da oposição e mesmo daqueles que suportam o governo. Localmente e da parte que nos toca, falhamos nas freguesias e penso também que um pouco na mensagem.

RaD – Vamos por partes. Compreendida a questão nacional, comecemos por ver o que pensa ter falhado freguesias.
OC- Nas freguesias, como sempre defendi, devemos traçar perfis de candidatos. Diferenciados é certo, por exemplo, quanto ao género, à idade, ao posicionamento social etc. Mas com um fio condutor comum, seriedade, pessoas de reconhecido mérito nas freguesias, pessoas com curriculum de serviço local. Traçado o perfil os candidatos precisam de pelo menos 2 anos para passar a sua mensagem à população e por isso devem ser apresentados com essa antecedência para poderem trabalhar. Ora não foi isso que aconteceu em muitos casos. Além dos, permita-me dizer assim, – “vendidos” – tivemos dificuldade em apresentar candidatos com antecedência, o que não lhes deixou margem de manobra…

RaD – Fiquei curioso quanto à mensagem. Não se reviu nas propostas apresentadas pela Coligação?
OC – Claro que as propostas por nós apresentadas faziam e fazem falta a Guimarães e estavam devidamente orçamentadas. A questão tem que ver com dois níveis de análise que estão estudados noutros casos paralelos e que têm de ser escalpelizados localmente pelas direções partidárias da Coligação. O primeiro é quanto à construção das propostas. A exemplo do que está a fazer agora a Prof.ª Assunção Cristas com a iniciativa “Ouvir Portugal”, acho fundamental que o programa se construa com as pessoas. Nas freguesias com a participação de todos. Só assim é que as pessoas se sentem envolvidas e tendem a ver o programa como seu. Se for em modo de cardápio as hipóteses de escolha é de um entre vários. Depois tem que se ver se há coerência entre o que dizemos no dia-a-dia e os projetos apresentados. Não podemos proliferar nas redes sociais que o país está de rastos e somos contra TGV e afins para depois apresentar um projeto desenvolvimentista na cidade. O povo é muito sensível a estas leituras. Tem de haver uma cadência na história que vamos contando senão confundimos os eleitores que na dúvida apanham os “sound bites” da “crise de sucesso” e não trocam o certo pelo que podem considerar um sonho, por mais sustentado, orçamentado e explicado que seja, como foi o caso.

RaD – Considera então que o PS é invencível em Guimarães?
OC – O PS goza de um estilo de governação com perceção geral de que há sensibilidade social. Era assim com Magalhães, apesar do caso Casfig, e foi ainda aumentado com Domingos Bragança. Ora o povo de Guimarães é um povo trabalhador, honesto e solidário. Trabalha sobretudo na indústria, onde as exigências são muitas e os salários baixos. Se o centro direita quiser algum dia ganhar em Guimarães, tem que recuperar a social-democracia e a democracia-cristã. Só essas ideologias, que são até matriciais nos dois principais partidos da Coligação, serão capazes de dar uma resposta eficaz à governação do PS. O libertarismo, muito associado aos anos do ajustamento que protagonizamos no governo PAF, deixa raposas e ovelhas à solta no mesmo quintal. Já sabemos o resultado disto. Os vimaranenses são inteligentes e sabem o que querem, por isso teremos que lhes dar o que querem e penso que há condições para isso. Eles já deram, nas últimas eleições, sinais de crescimento ao nosso campo político pela forma como fazíamos oposição. Só falta sentirem-se identificados com o projeto de poder. É nisso que se deve trabalhar se este campo político entende que há um caminho futuro a percorrer.   

Futuro

RaD – Não sendo – nas suas palavras - uma impossibilidade o CDS participar do poder, como acha que o partido se pode preparar para esse futuro?
O próximo ciclo político de 4 anos tem, em minha opinião, dois momentos distintos que exigem equilíbrios às direções partidárias do PSD e do CDS a nível local. Se por um lado os partidos se vão apresentar em listas separadas às eleições legislativas, levando a que haja necessidade de diferenciação, essa diferenciação não pode ser tão acintosa que leve a que, nos pós-legislativas, não haja espaço de diálogo; ou seja, há que diferenciar sem romper. Depois desses resultados haverá que analisá-los. Pode haver a reedição de uma Coligação Nacional o que facilitará um entendimento local. Pode haver um cenário mais periclitante e a necessidade de se repensar o futuro. Por isso é que digo que há dois momentos e o discurso local dos partidos deve manter-se, numa primeira fase, com o difícil exercício da colaboração institucional sem deixar que a diferenciação perturbe os objetivos que cada um tem para as legislativas.

RaD – O CDS vai a eleições no dia 16, quer no concelho, quer no distrito. Já há candidatos?
No distrito o incontestável Nuno Melo. Em Guimarães vejo várias possibilidades. Tive quatro Vice-Presidentes e cada um deles pode assumir a liderança. E há sempre – dependendo das suas disponibilidades – os candidatos que designo de figuras nacionais, com proeminência local, como são o Dr. Rui Barreira, o Dr. Nuno Brito ou o Eng.º Monteiro de Castro.

RaD – Como analisa os que eventualmente se perfilam como “proto-candidatos” concelhios?
OC – Dos que designei de figuras nacionais, com proeminência local, as análises dispensam-se; somente dizer que seria um sacrifício votar o Eng.º Monteiro de Castro – que tem feito um papel notável na Câmara – a acumular uma função para a qual já contribuiu em anos pretéritos. O Dr. Rui Barreira, disse-me que estaria a ponderar uma pausa, embora curta, na política, mas com o regresso à Distrital do Dr. Nuno Melo, pode ver sempre novo alento imediato. O Doutor Nuno Brito foi Secretário de Estado. Se um homem destes estivesse na disposição de assumir funções executivas na concelhia, ademais com a proximidade que tem com a líder do partido e com o próximo Presidente Distrital, seria um caso sério. E claro está que deixo de fora desta equação a Dr.ª Vânia Dias da Silva somente porque está a fazer um notabilíssimo trabalho como Deputada à Assembleia da República embora penso que deve figurar nos próximos órgãos locais para que a interação de ambos possa ser maximizada.

RaD – Mas falou-me também dos Vice-Presidentes que teve…
OC – Sim. Se nenhuma das figuras nacionais, com proeminência local, estiver nessa disposição, o que penso é que cada um dos Vices que tive pode avançar. Todos têm características diferentes, mas em política e a este nível, três são fundamentais: o reconhecimento interno, ou seja, das bases do partido. O reconhecimento externo, isto é, o respeito dos adversários políticos como alguém de qualidade e capacidade de intervenção. A notoriedade local, como seja, o reconhecimento público, associativo, social no geral.

RaD – Qual deles, em sua opinião é que reúne as melhores condições num cenário desses?
OC – Penso que têm características complementares e que deviam, se o caso se puser, de chegar a consensos. Reparemos, a Ângela Oliveira é uma política firmada, com o reconhecimento externo que há pouco falava e, portanto, com alguma dedicação fará as outras componentes que são necessárias. O Rui Correia tem esse reconhecimento nas bases, gozando, agora, de uma oportunidade de ouro para se afirmar politicamente com a Liderança da Bancada na Assembleia Municipal. O Vicente Salgado que é um homem do partido há muitos anos tendo passado pela Assembleia Municipal, tem reconhecimento social, público e associativo, como digo trivialmente é o único de nós que passa na televisão. E temos o mais jovem de todos que representa uma geração que fez escola na JP. O Alfredo Sousa pode ser uma agradável surpresa para quem não o conheça…

RaD – Vai apoiar algum ou alguma no caso de se confirmar esta sua visão?
OC - Gostaria que houvesse um consenso sólido. Não uma “pax romana”. Lista única sem consensos sólidos não fará o que é preciso. Se o caso, a pôr-se, for este segundo cenário, penso que o bom senso deve imperar já que todos poderão vir a ser lideres em momentos diferentes com a preparação ideal. Ver o que reúne mais condições para o desafio imediato e chegar a consensos de curto e médio prazos. Mas tudo depende da visão que têm do futuro e obviamente da disponibilidade. Contudo, havendo que clarificar projetos, que seja agora. E havendo mais que uma candidatura, certamente exercerei o meu direito de voto. Terei em atenção os projetos, sobretudo os de posicionamento político, porque o que instrumentalmente é necessário fazer, será comum a todas as eventuais candidaturas; terei ainda de ver o perfil das equipas: gente séria e de serviço é uma nota que não pode deixar de se ver no CDS. E um projeto que seja capaz de sustentar esta nova categoria do CDS ser a 3ª força Política Vimaranense, que é algo que devemos coletivamente ter a capacidade de proteger e ampliar.

RaD – Disse ao Jornal O Comércio de Guimarães que se retirará da vida política ativa. Porquê uma medida tão drástica?
OC – Não se trata de uma medida drástica, antes de uma objetividade que se impõe. A família vai crescer com a vinda de uma irmã para a Francisca. Há desafios académicos literalmente pendurados e que urgem terminar. Há uma página que tem de ser virada. Eu continuarei a dar os meus contributos políticos a outro nível, mais teórico, como por exemplo no Observatório Político. A parte partidária e até mesmo associativa vai ter uma longa pausa. Quando há filhos o tempo reduz-se e a prioridade deve ser a família sobretudo nos primeiros anos, no meu caso, das meninas. Depois há a vida profissional que não pode ser descurada. Tudo tem o seu tempo.

RaD – Quer deixar uma última palavra aos militantes do partido?

OC – Um agradecimento especial a todos os militantes que apoiaram o partido nos últimos anos. Às referências do partido: o Dr. Henrique Moraes, o Sr. Domingos Marques de Sousa, o Eng.º José António Pinheiro, o Dr. Pedro Carvalho, o Dr. Agostinho Pacheco, o Sr. Salazar enfim seriam muitos a destacar. Depois uma palavra aos que protagonizaram alguns projetos internos que salvaguardaram a história: a Dr.ª Marta Nuno e a Dr.ª Teresa Costa. Ao Dr. Rui Barreira a quem sucedi e disse sempre presente. A todos os que me acompanharam nos órgãos. A todos os autarcas e àqueles que nas freguesias disseram que sim ao projeto dos Núcleos. Enfim e aos amigos mais próximos que personalizo no Secretário – Geral da Concelhia, o Vasco Rodrigues. O meu muito obrigado a todos por esta oportunidade.  O que desejo a quem venha é muita sorte, porque em política também é preciso sorte; e que tenham o arreganho de lutar por um CDS com marca própria sem que isso impeça diálogos com forças política amigas. Que nunca lhes falte a força de irem à luta pelo partido que – até hoje na história do país – foi o que mais sofreu para sobreviver e que pelo seu papel único e insubstituível, faz, hoje, mais sentido do nunca.