Greve na TAP. O Balanço que Conta

quarta-feira, 13 de maio de 2015


Um sindicato que representa trabalhadores, mesmo que diferenciados, promove uma greve reivindicando o direito dos pilotos serem accionistas da empresa. Ao mesmo tempo orgulha-se dos prejuízos de milhões, fundamentais para o pagamento dos salários de todos - nem só de pilotos vive a TAP - no melhor dos sinais que se poderia encontrar, sobre o mais que se permitiriam, se na qualidade de novos patrões viessem a partilhar a gestão da companhia privatizada.

Nos velhos tempos do PREC, algumas empresas também foram assim sequestradas, embora à bruta. Sob pretexto da luta de classes, o capital foi sendo decapitado na expulsão de gerentes e administradores e na maior parte dos casos, no final não sobrou nada. Agora, a motivação resulta mais prosaica. Alguns pilotos reclamam ser simultaneamente trabalho e capital. E o sindicato, feito coisa hibrida, esperará talvez abrir uma secção com assento numa confederação patronal. Resta saber se haverá TAP para ajudar à novela.

A avaliar pela bitola do sindicato - os prejuízos - temos de conceder que os resultados são impressionantes. Só não se vê como isso possa ser bom. José Manuel Rodrigues recordava há dias que não foi só a TAP que perdeu 30 milhões de euros. Foi Portugal que perdeu muitos mais milhões, a par de inúmeros constrangimentos para milhares de passageiros de todo o mundo.

Seria sensato, não obstante, que o sindicato dos pilotos percebesse que entre 2000 e 2015 tudo mudou. Há 15 anos, uma greve da TAP retinha em terra o essencial dos passageiros, por falta de opções. Hoje em dia, as alternativas abundam.

Este artigo foi escrito entre o Porto e Bruxelas, num voo da RYANAIR, que saiu a horas e chegou ao destino 10 minutos antes do tempo previsto. Não sendo irrelevante, o bilhete custou um terço do preço que pagaria na TAP. O aparelho seguia pejado de portugueses que em muitos casos, como eu, teriam optado pela transportadora aérea nacional. E certamente assim sucedeu em muitos outros voos, de muitas mais companhias, um pouco por todo o lado.

Este é o único dos balanços que o sindicato dos pilotos deveria reter. Não faltam por aí companhias desejosas de fazerem seus, as rotas e os lucros da TAP. 

As companhias aéreas também têm fim. Só o sindicato dos pilotos é que parece não estar convencido disso. Esperemos não venha a ficar para a história pelo pior dos motivos.

Retirado de http://economico.sapo.pt/noticias/greve-na-tap-o-balanco-que-conta_218134.html

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