Fomos encontrar o Presidente do
CDS num ambiente familiar de preparativos de comemorações adventícias. Primeiro
porque a Francisca fazia dois anos e depois porque a recente notícia de uma
irmã para lhe fazer companhia não deixa esconder a alegria de Pai babado com a
sucessão.
Mas este encontro foi para falar
de outras sucessões e de balanços políticos na hora de dizer adeus à liderança
da concelhia de Guimarães do partido, para – nos seus dizeres – se dedicar a
labores domésticos e familiares que já não se furta, mas que não se aprimora
com o zelo devido. Por outro lado, desafios académicos que reclamam uma
presença que se vai tornando inadiável.
Foi neste espírito pré-natalício
que iniciamos uma conversa que o Rumar à Direita fez questão de empreender antes
de passar a linha editorial de quem, no futuro próximo, se lhe seguirá.
RaD – O Rumar à Direita quer
lançar o desafio de conduzirmos esta conversa em tom de entrevista em três
partes: o partido e o seu percurso nos últimos três anos e meio; as eleições autárquicas
do passado dia 1 de outubro e por fim o futuro do espaço político onde está o
CDS. Desafio aceite?
OC - Com muito gosto. Em primeiro lugar achei a iniciativa
interessante para a afirmação de um projeto editorial que surgiu no seio da
Comissão Política, por que à época como agora, entendíamos a falta que fazia um
espaço comunicacional, sobretudo no panorama digital, onde o centro – direita
pudesse falar sem amarras e o Rumar à Direita conseguiu esse estatuto. Por
outro lado, porque a elencagem proposta está bem maturada na minha cabeça.
RaD - Comecemos então pelo
partido. Quando em 2014 avançou para a liderança concelhia do CDS trazia,
certamente, alguns sonhos. Foram cumpridos? Que balanço faz?
OC - Não falaria em sonhos, antes em objetivos claros e bem
definidos. Queria que o CDS ajudasse a construir uma alternativa política ao PS
que gozava e goza de uma maioria absoluta quase imemorial. Queria que o partido
tivesse as ideias bem arrumadas e com mais músculo no território e que fosse a
terceira força política em Guimarães influenciando, desse modo, o poder. Alguns
desses objetivos foram conseguidos, outros não. Infelizmente nem tudo o que
idealizamos conseguimos materializar e na política essa é uma realidade que
persegue todos os atores que se dispõem a entrar em cena.
RaD - Mas faltaram-lhe condições
para concretizar o seu plano de ação?
OC - As condições, em política, quando não as temos, criam-se. Os
políticos são sobretudo agentes de mudança. E se eu e a minha equipa não fomos
capazes de as criar a todas, demos passos sólidos em frente. A verdade é que
beneficiei de um clima propenso a alguns avanços. O projeto que encabecei era
muito claro e vinha em seguimento de um trabalho extremoso que o Rui Barreira
tinha feito. A sequência era lógica: granjear o terreno fértil de modo a que o
CDS se tornasse incontornável no panorama político local.
RaD - Fale-me então das condições
que tinha e quais teve a necessidade de criar…
OC - Quando cheguei tinha um partido bem afirmado no cenário
político local, regional e nacional. Localmente o Rui Barreira recuperou, para
o CDS, um vereador que lhe fugia há anos. E deixou um grupo parlamentar sólido.
Recordo que à época o CDS – apesar de estar a cumprir um programa de
ajustamento para o país – era parceiro de uma Coligação de Governo e tudo isso
deu notoriedade, pelo serviço que os seus quadros prestaram, ao partido.
RaD: E então o que teve de criar?
OC - A verdade é que a minha primeira Comissão Política era muito
extensa. Procurei não excluir ninguém que vinha de trás e incluir novas figuras
que pudessem trazer algo de novo ao partido e, por sua via, à sociedade
vimaranense. E isso obrigou a consolidar processos de funcionamento internos para
poder ficar próximo de concretizar os eixos de desenvolvimento geral externos
que tinha definido como prioritários. Em concreto isso obrigou a colocar a sede
mais funcional, a fazer regulamentos internos para funcionamento da Comissão
Política, Comissões Especializadas para o tratamento de algumas matérias de
intervenção política, a reformular a política de comunicação, regulamentos para
a relação com os autarcas eleitos, para a criação e funcionamento de Núcleos de
freguesia e mais tarde quando ficou trilhado o caminho firme com a Coligação
Juntos por Guimarães, a metodologia de representação e decisão política no seio
desse grupo alargado e interpartidário.
RaD - Esses mecanismos, extensos,
funcionaram?
OC - Os modelos eram novos e originais. E como qualquer ideia nova,
a compreensão, assimilação e o pôr em prática de toda esta nova orgânica –
sobretudo porque havia quem vinha de trás com práticas diferentes – não foi
fácil nem bem conseguida na totalidade. Por exemplo, houve necessidade de
reduzir a Comissão Política do primeiro para o segundo mandato para tornar o
órgão mais funcional; a relação entre os autarcas e a Comissão Política careceu
de maior envolvimento, situação mitigada aquando da integração dos processos
políticos no seio da Coligação. Mas houve procedimentos bem oleados e a
funcionar com agilidade e coerência.
RaD - Escalpelizemos um pouco
estas ideias que procurou instituir. Ao que percebo, os Núcleos de Freguesia
eram um instrumento importante para – pegando nas suas palavras – ter “mais
músculo no território”. Foram criados e com que resultados?
OC - Deram-se passos importantes, mas ainda há muito por fazer.
Começamos por dividir o território concelhio em 12 partes para criar os núcleos
territoriais que pudessem, numa fase mais avançada do processo e quando falo em
avançada digo-o com a consciência que tal demora alguns anos, desdobrar-se em
48 como o número de freguesias e uniões que temos no concelho. Do objetivo
inicial, ou seja, dos doze, tivemos dois perfeitamente institucionalizados com
órgãos eleitos, Creixomil e Azurém; quatro com Delegados nomeados a caminhar
para a institucionalização com processo eleitoral autónomo; e seis com pessoas
identificadas e em inicio de percurso, mas digamos que em constituição.
RaD - Muito aquém do projetado
então?
OC - Sejamos francos: é um processo difícil. Mas dos 12 iniciais,
metade estão no caminho da consolidação plena e metade ainda em embrião. Chegar
ao objetivo final é ainda – nesta fase – uma miragem, mas o caminho faz-se
andando. Contudo foi este projeto que permitiu que o CDS se tornasse a terceira
força política nas Assembleias de Freguesia com 15 eleitos, mais um que os
Grupos de Cidadãos Independentes e mais 3 que a CDU. E este foi um ganho
substantivo do ponto de vista da afirmação política e institucional do CDS em
Guimarães. Contudo é preciso andar rápido, porque este galardão é frágil se não
for sedimentado o sustentáculo necessário à sua afirmação futura. É preciso
calcorrear as freguesias. É preciso muita entrega e dedicação que não pode
faltar aos vindouros para entregar o partido melhor do que encontraram.
RaD – Em que consistiram as
Comissões Especializadas que falou e que trabalho fizeram?
Vou-lhe dar exemplos curtos, haveria
muitos mais, mas apenas os mais visíveis. A Comissão da Família propôs que
Guimarães lutasse pela Bandeira Verde das Autarquias Familiarmente Responsáveis,
desafio ainda não acolhido pela Câmara. A Comissão de Segurança visitou as
corporações de Bombeiros e propôs uma série de medidas através da Dr.ª
Cristiana Castro sua responsável no Conselho Municipal de Segurança. A Comissão
do Território cumpriu o seu objetivo principal: visitar todas as freguesias do
concelho e suas instituições. A Comissão de Economia, realizou uma iniciativa
para empreendedores que juntou mais de 250 pessoas para falar dos fundos
comunitários Portugal 2020. E na Comissão da Identidade além de nos órgãos
próprios termos incentivado à promoção da Nicolinas como Património da
Humanidade, fomos – com todas as forças políticas locais – signatários da
candidatura de Guimarães a Capital Europeia Verde.
RaD – Falou também em alterações
na política de comunicação. Em que consistiu isso?
OC - Consistiu, na prática, em termos uma página nas redes sociais
mais dinâmica. Em termos este Blog com mais de 1000 visitas mensais para ver
opiniões políticas o que é de louvar. Em termos os nossos principais quadros a
escrever para os jornais locais e a fazer comentários na Rádio Fundação e na
Rádio Universitária do Minho. Em deixarmos para o futuro uma página oficial da
concelhia. Em construirmos um repositório de vídeo que ficou albergado num
canal on-line da Meo. Em enviarmos comunicações permanentes para os militantes,
enfim tornar a vida interna e externa do partido mais aberta e com maior frequência.
RaD – Quer explicar as “carências
no envolvimento com os autarcas eleitos” que acima manifestou?
OC – Deveria ter havido uma maior cumplicidade entre os
representantes autárquicos e a Comissão Política, sobretudo no que toca ao
Grupo Parlamentar. Havia moções, propostas e medidas de cariz doutrinário que
podiam ser elevadas naquela sede. Tudo isto foi mitigado mais tarde com um
regulamento no seio da Coligação que acabou por traduzir uma condução política
global centrada no líder deste movimento interpartidário. Perdeu-se em
“multiculturalismo”, mas ganhou-se em orgânica geral, já que havia uma ideia
perigosa do cada um por si.
RaD – Que legado pensa então ter
deixado ao CDS?
O partido tem as contas pagas e
saldo para andar. Afirmou-se do ponto de vista da identidade com o festejo dos
seus 40 anos, e com a homenagem dos seus momentos históricos mais marcantes a
nível local; iniciamos o processo dos Núcleos; mudamos as formas de
comunicação; deixamos uma sede mais funcional e a concelhia de Guimarães ficou
bem representada nos órgãos partidários regionais e nacionais. Politicamente
conseguimos ficar como terceiro partido em termos de representação autárquica.
Enfim, respeitamos o legado que nos foi passado e entregamo-lo melhor, como se
quer sempre num processo de continuidade e de crescimento. Assim espero que
possa continuar a fazer a próxima Comissão Política.
RaD – Consciência tranquila como
perguntou um militante no último plenário do partido?
Ninguém fica de consciência
tranquila quando não consegue o seu principal objetivo. Contudo, atendendo ao
histórico, ficar com o melhor resultado do partido nos últimos 28 anos em
Guimarães, quer em eleições nacionais, quer locais, não me faz tirar o sono. A
ambição é sempre mais, espero que esse desígnio não se perca para o futuro.
Autárquicas
RaD – Vamos então virar a página
e falar de autárquicas. Como leu os resultados eleitorais do passado dia 1/10?
Perdemos. E não há que mistificar
o que de bom conseguimos. A verdade é que concorremos para ganhar e não
ganhamos. Estivemos melhor em vários aspetos do trajeto político que fizemos.
Conseguimos trabalhar com tempo uma Coligação pré-eleitoral, algo inédito.
Apresentamos um candidato com notoriedade e propostas claras. Mas a frieza dos
resultados é taxativa. Há que ter em conta uma leitura nacional, que não é
despicienda, e uma leitura local que dependia eminentemente de nós. Na
globalidade não atingimos o objetivo e esse é o principal facto.
RaD – Fala em derrota. Mas não viu
sinais de crescimento em termos de representação?
OC - Vi sim e acho que as tendências – para quem como eu gosta de
Ciência Política – não podem ser ignoradas. Esta Coligação, subiu em número de
votos e subiu um vereador na Câmara de Guimarães. Já ao contrário, nas
freguesias, baixamos substancialmente. É preciso fazer bem o diagnóstico de
tudo isto e saber interpretar friamente os resultados.
RaD – O que é que falhou, então,
na sua perspetiva?
OC – A nível nacional, apanhamos uma boa resposta do Governo
Socialista. Os números da execução orçamental positivos, desemprego a baixar,
devolução de rendimentos, agências financeiras a tirar o país do lixo, enfim
boas notícias que aproveitou o PS em detrimento dos partidos da oposição e
mesmo daqueles que suportam o governo. Localmente e da parte que nos toca,
falhamos nas freguesias e penso também que um pouco na mensagem.
RaD – Vamos por partes.
Compreendida a questão nacional, comecemos por ver o que pensa ter falhado freguesias.
OC- Nas freguesias, como sempre defendi, devemos traçar perfis de
candidatos. Diferenciados é certo, por exemplo, quanto ao género, à idade, ao
posicionamento social etc. Mas com um fio condutor comum, seriedade, pessoas de
reconhecido mérito nas freguesias, pessoas com curriculum de serviço local.
Traçado o perfil os candidatos precisam de pelo menos 2 anos para passar a sua
mensagem à população e por isso devem ser apresentados com essa antecedência
para poderem trabalhar. Ora não foi isso que aconteceu em muitos casos. Além
dos, permita-me dizer assim, – “vendidos” – tivemos dificuldade em apresentar
candidatos com antecedência, o que não lhes deixou margem de manobra…
RaD – Fiquei curioso quanto à mensagem.
Não se reviu nas propostas apresentadas pela Coligação?
OC – Claro que as propostas por nós apresentadas faziam e fazem
falta a Guimarães e estavam devidamente orçamentadas. A questão tem que ver com
dois níveis de análise que estão estudados noutros casos paralelos e que têm de
ser escalpelizados localmente pelas direções partidárias da Coligação. O
primeiro é quanto à construção das propostas. A exemplo do que está a fazer
agora a Prof.ª Assunção Cristas com a iniciativa “Ouvir Portugal”, acho
fundamental que o programa se construa com as pessoas. Nas freguesias com a
participação de todos. Só assim é que as pessoas se sentem envolvidas e tendem
a ver o programa como seu. Se for em modo de cardápio as hipóteses de escolha é
de um entre vários. Depois tem que se ver se há coerência entre o que dizemos
no dia-a-dia e os projetos apresentados. Não podemos proliferar nas redes
sociais que o país está de rastos e somos contra TGV e afins para depois
apresentar um projeto desenvolvimentista na cidade. O povo é muito sensível a
estas leituras. Tem de haver uma cadência na história que vamos contando senão
confundimos os eleitores que na dúvida apanham os “sound bites” da “crise de
sucesso” e não trocam o certo pelo que podem considerar um sonho, por mais
sustentado, orçamentado e explicado que seja, como foi o caso.
RaD – Considera então que o PS é
invencível em Guimarães?
OC – O PS goza de um estilo de governação com perceção geral de que
há sensibilidade social. Era assim com Magalhães, apesar do caso Casfig, e foi
ainda aumentado com Domingos Bragança. Ora o povo de Guimarães é um povo
trabalhador, honesto e solidário. Trabalha sobretudo na indústria, onde as
exigências são muitas e os salários baixos. Se o centro direita quiser algum
dia ganhar em Guimarães, tem que recuperar a social-democracia e a
democracia-cristã. Só essas ideologias, que são até matriciais nos dois
principais partidos da Coligação, serão capazes de dar uma resposta eficaz à
governação do PS. O libertarismo, muito associado aos anos do ajustamento que
protagonizamos no governo PAF, deixa raposas e ovelhas à solta no mesmo
quintal. Já sabemos o resultado disto. Os vimaranenses são inteligentes e sabem
o que querem, por isso teremos que lhes dar o que querem e penso que há
condições para isso. Eles já deram, nas últimas eleições, sinais de crescimento
ao nosso campo político pela forma como fazíamos oposição. Só falta sentirem-se
identificados com o projeto de poder. É nisso que se deve trabalhar se este
campo político entende que há um caminho futuro a percorrer.
Futuro
RaD – Não sendo – nas suas
palavras - uma impossibilidade o CDS participar do poder, como acha que o partido
se pode preparar para esse futuro?
O próximo ciclo político de 4
anos tem, em minha opinião, dois momentos distintos que exigem equilíbrios às
direções partidárias do PSD e do CDS a nível local. Se por um lado os partidos
se vão apresentar em listas separadas às eleições legislativas, levando a que
haja necessidade de diferenciação, essa diferenciação não pode ser tão acintosa
que leve a que, nos pós-legislativas, não haja espaço de diálogo; ou seja, há
que diferenciar sem romper. Depois desses resultados haverá que analisá-los.
Pode haver a reedição de uma Coligação Nacional o que facilitará um
entendimento local. Pode haver um cenário mais periclitante e a necessidade de
se repensar o futuro. Por isso é que digo que há dois momentos e o discurso
local dos partidos deve manter-se, numa primeira fase, com o difícil exercício
da colaboração institucional sem deixar que a diferenciação perturbe os
objetivos que cada um tem para as legislativas.
RaD – O CDS vai a eleições no dia
16, quer no concelho, quer no distrito. Já há candidatos?
No distrito o incontestável Nuno
Melo. Em Guimarães vejo várias possibilidades. Tive quatro Vice-Presidentes e
cada um deles pode assumir a liderança. E há sempre – dependendo das suas
disponibilidades – os candidatos que designo de figuras
nacionais, com proeminência local, como são o Dr. Rui Barreira, o Dr. Nuno
Brito ou o Eng.º Monteiro de Castro.
RaD – Como analisa os que
eventualmente se perfilam como “proto-candidatos” concelhios?
OC – Dos que designei de figuras nacionais, com proeminência local,
as análises dispensam-se; somente dizer que seria um sacrifício votar o Eng.º
Monteiro de Castro – que tem feito um papel notável na Câmara – a acumular uma
função para a qual já contribuiu em anos pretéritos. O Dr. Rui Barreira,
disse-me que estaria a ponderar uma pausa, embora curta, na política, mas com o
regresso à Distrital do Dr. Nuno Melo, pode ver sempre novo alento imediato. O
Doutor Nuno Brito foi Secretário de Estado. Se um homem destes estivesse na
disposição de assumir funções executivas na concelhia, ademais com a
proximidade que tem com a líder do partido e com o próximo Presidente
Distrital, seria um caso sério. E claro está que deixo de fora desta equação a
Dr.ª Vânia Dias da Silva somente porque está a fazer um notabilíssimo trabalho
como Deputada à Assembleia da República embora penso que deve figurar nos
próximos órgãos locais para que a interação de ambos possa ser maximizada.
RaD – Mas falou-me também dos
Vice-Presidentes que teve…
OC – Sim. Se nenhuma das figuras
nacionais, com proeminência local, estiver nessa disposição, o que penso é que
cada um dos Vices que tive pode avançar. Todos têm características diferentes,
mas em política e a este nível, três são fundamentais: o reconhecimento interno,
ou seja, das bases do partido. O reconhecimento externo, isto é, o respeito dos
adversários políticos como alguém de qualidade e capacidade de intervenção. A
notoriedade local, como seja, o reconhecimento público, associativo, social no
geral.
RaD – Qual deles, em sua opinião é que reúne as melhores condições num
cenário desses?
OC – Penso que têm
características complementares e que deviam, se o caso se puser, de chegar a
consensos. Reparemos, a Ângela Oliveira é uma política firmada, com o
reconhecimento externo que há pouco falava e, portanto, com alguma dedicação
fará as outras componentes que são necessárias. O Rui Correia tem esse
reconhecimento nas bases, gozando, agora, de uma oportunidade de ouro para se
afirmar politicamente com a Liderança da Bancada na Assembleia Municipal. O
Vicente Salgado que é um homem do partido há muitos anos tendo passado pela
Assembleia Municipal, tem reconhecimento social, público e associativo, como
digo trivialmente é o único de nós que passa na televisão. E temos o mais jovem
de todos que representa uma geração que fez escola na JP. O Alfredo Sousa pode
ser uma agradável surpresa para quem não o conheça…
RaD – Vai apoiar algum ou alguma
no caso de se confirmar esta sua visão?
OC - Gostaria que houvesse um consenso sólido. Não uma “pax
romana”. Lista única sem consensos sólidos não fará o que é preciso. Se o caso,
a pôr-se, for este segundo cenário, penso que o bom senso deve imperar já que
todos poderão vir a ser lideres em momentos diferentes com a preparação ideal.
Ver o que reúne mais condições para o desafio imediato e chegar a consensos de
curto e médio prazos. Mas tudo depende da visão que têm do futuro e obviamente
da disponibilidade. Contudo, havendo que clarificar projetos, que seja agora. E
havendo mais que uma candidatura, certamente exercerei o meu direito de voto.
Terei em atenção os projetos, sobretudo os de posicionamento político, porque o
que instrumentalmente é necessário fazer, será comum a todas as eventuais
candidaturas; terei ainda de ver o perfil das equipas: gente séria e de serviço
é uma nota que não pode deixar de se ver no CDS. E um projeto que seja capaz de
sustentar esta nova categoria do CDS ser a 3ª força Política Vimaranense, que é
algo que devemos coletivamente ter a capacidade de proteger e ampliar.
RaD – Disse ao Jornal O Comércio
de Guimarães que se retirará da vida política ativa. Porquê uma medida tão
drástica?
OC – Não se trata de uma medida
drástica, antes de uma objetividade que se impõe. A família vai crescer com a
vinda de uma irmã para a Francisca. Há desafios académicos literalmente
pendurados e que urgem terminar. Há uma página que tem de ser virada. Eu
continuarei a dar os meus contributos políticos a outro nível, mais teórico,
como por exemplo no Observatório Político. A parte partidária e até mesmo
associativa vai ter uma longa pausa. Quando há filhos o tempo reduz-se e a prioridade
deve ser a família sobretudo nos primeiros anos, no meu caso, das meninas.
Depois há a vida profissional que não pode ser descurada. Tudo tem o seu tempo.
RaD – Quer deixar uma última
palavra aos militantes do partido?
OC – Um agradecimento especial a todos os militantes que apoiaram o
partido nos últimos anos. Às referências do partido: o Dr. Henrique Moraes, o
Sr. Domingos Marques de Sousa, o Eng.º José António Pinheiro, o Dr. Pedro
Carvalho, o Dr. Agostinho Pacheco, o Sr. Salazar enfim seriam muitos a
destacar. Depois uma palavra aos que protagonizaram alguns projetos internos
que salvaguardaram a história: a Dr.ª Marta Nuno e a Dr.ª Teresa Costa. Ao Dr.
Rui Barreira a quem sucedi e disse sempre presente. A todos os que me
acompanharam nos órgãos. A todos os autarcas e àqueles que nas freguesias
disseram que sim ao projeto dos Núcleos. Enfim e aos amigos mais próximos que
personalizo no Secretário – Geral da Concelhia, o Vasco Rodrigues. O meu muito
obrigado a todos por esta oportunidade.
O que desejo a quem venha é muita sorte, porque em política também é
preciso sorte; e que tenham o arreganho de lutar por um CDS com marca própria
sem que isso impeça diálogos com forças política amigas. Que nunca lhes falte a
força de irem à luta pelo partido que – até hoje na história do país – foi o
que mais sofreu para sobreviver e que pelo seu papel único e insubstituível,
faz, hoje, mais sentido do nunca.