Estimado
Dr. António José Seguro,
Escrevo-lhe
esta carta devido aos recentes acontecimentos que dizem respeito ao futuro do
meu país. Escrevo-lhe, também, porque considero que tem um papel
fundamental na decisão
desse mesmo futuro, não
podendo alhear-se de ter uma participação
activa nessa mesma decisão.
Como
sabe, as eleições
ditaram um resultado claro, todavia perverso. Os portugueses decidiram que o
poder não deve ficar somente na coligação PSD/CDS, mas, mesmo assim,
consideraram que devem ser estas duas forças a governar, embora com algumas
limitações. Claro foi, também, o resultado do Partido Socialista. É por demais evidente que os portugueses
não querem António Costa como primeiro-ministro.
Contudo, ele quer sê-lo,
apesar de ter perdido as eleições.
E aqui é que reside o problema. Problema,
esse, que o Dr. António José Seguro
pode solucionar.
Então, António Costa joga aqui a sua sobrevivência
política e o Dr. António José Seguro saberá certamente
daquilo que António
Costa é capaz de fazer para sobreviver
politicamente. Note-se que está disposto
a governar com o apoio do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista! Como o Dr.
António José Seguro
bem sabe, tal governação nunca será estável, séria e credível. Todos sabemos de que se trata
apenas de uma ambição
desmedida pelo poder por parte de António
Costa e de um aproveitamento estratégico
por parte do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista, com o intuito de se
afirmarem como partidos de governo e, dessa forma, conseguir conquistar mais
eleitorado à sua
direita, isto é,
no eleitorado do Partido Socialista.
Tudo
isto seria muito engraçado
e interessante caso fizesse parte do guião de uma série de
televisão, mas não. É real. Esta intenção de derrubar um governo eleito pelo
povo logo após
a sua tomada de posse e consequente tomada de assalto do poder por parte de António Costa não o deve surpreender, eu sei. A mim
também não me surpreende. Mas o Dr. António José Seguro sabe que, caso isso aconteça, Portugal sofrerá muito e, quando falo de Portugal, falo
do nosso povo e, principalmente, dos jovens deste país. Nós, jovens, fomos os que mais sofremos
com esta crise. Eu tenho noção,
e espero que o Dr. António José Seguro
também tenha, de que o nosso futuro
foi hipotecado. Nós,
jovens, temos uma dívida
que teremos de pagar ao longo de toda a nossa vida. Dívida, essa, que foi contraída à nossa revelia, sem o nosso
consentimento e anuência.
Mas seremos nós a pagá-la. Como tal, peço-lhe que pense em nós.
Sei que não é fácil para si e para os seus ir contra a
vontade do seu partido. Mas eu quero acreditar que no Partido Socialista ainda
há gente com coragem, livre e com
sentido de Estado. Por ironia do destino, a decisão do futuro governo de Portugal está nas suas mãos. Com os deputados que lhe são afectos e que eu acredito que o Dr.
António José Seguro
consiga chamar à razão, tem a oportunidade e o poder de pôr fim a este lamentável
espectáculo. Tenho igualmente a plena
convicção de que a coligação estará disponível para discutir consigo compromissos
e que honrará esses
mesmos compromissos para que se consiga a governação estável, credível e séria de que Portugal necessita neste
momento.
Chegou
a hora dos homens se sobreporem aos partidos. Chegou a hora de colocar o
interesse nacional à frente
do interesse partidário.
Chegou a hora do Dr. António José Seguro
tomar uma atitude e salvar Portugal desta loucura. A nossa nação e o nosso povo não podem sofrer mais!
Com
os meus melhores cumprimentos,
Alfredo Sousa - Presidente JP Distrital Braga