O Caldeu

quinta-feira, 29 de outubro de 2015



Hoje, para variar, o tema é mais local e impressivo. E reporta-se a uma publicação numa rede social do vereador das finanças em Guimarães, Ricardo Costa, sobre o líder da Coligação Juntos por Guimarães.

O “ Caldeu”, como simpaticamente o intitularei, num texto publicado no facebook, investiu-se nas faculdades de Nebucadrezar  para “proteger a coroa” socialista do Reino de Vimaranis. Segundo consta, contra aquele que – por evidência – o próprio designou de “Príncipe”, i.e. do real e legitimo herdeiro do trono municipal, no caso, André Coelho Lima o líder da Coligação de Centro – direita em Guimarães. E não por jusnaturalismo, antes, porque o povo dá mostras claras de quem quererá para governar o município.

De facto, a forma metafórica com que ousou expor um legítimo pensamento político permite também que o transportemos para o reino da História, neste caso, mais fáctica do que lendária. Sendo certo que, na forma, por aqui, usar-se-á mais comedimento e não a conversa de "buvette" com que nos brindou e de que podem testemunhar: https://www.facebook.com/ricardocastrocosta/?fref=nf&pnref=story. 

Não por acaso escolhi Nebucadrezar, líder dos Caldeus – povo que iniciou os banhos públicos precursores das futuras termas  - já que, a este, lhe imputaram sintomas de licantropia.

Costa, saído do Complexo Termal da nobilíssima Vila das Taipas, quer também transformar-se em lobo, ao jeito do que Maquiavel interpretava os fazedores políticos. E digo lobo e não leão, porque já percebemos que Costa não ruge, mia. Mas escondido num pêlo astucioso disfarça uma postura que me faz pensar que o cognome que metaforicamente lhe atribuo é até hiperbólico.

Mas vamos à leitura política que essa é que é substantiva e merece análise.

O que terá levado Costa a afrontar o líder da Coligação? Muitas são as leituras: “ Bragança está cansado e não vai ao “2º round” e Costa quer arrumar, desde já, com Portilha afirmando-se como sucessor natural”; “está a dizer a Bragança como é que (não) se faz, numa tentativa de o afrontar, visto que este o desautorizou várias vezes, a mais visível, no caso das taxas para os espaços do cidadão”; “está a lançar a candidatura à liderança do PS local afastando Costa e Silva” e podia continuar por aí fora, visto que são muitas as conjeturas que se podem aventar.

Uma coisa é certa, com aquele texto, Costa quis afirmar-se politicamente, tentando comprar uma guerra com quem afincadamente está a preparar-se para ser o próximo Presidente de Câmara. A questão que se põe é: conseguiu? E a resposta é simples: não! E analisemos em duas vertentes.

Em primeiro lugar, não conseguiu, porque - os exemplos que tenta dar para fragilizar o líder da Coligação Juntos por Guimarães, são tão factuais e demonstráveis documentalmente que nenhuma retórica  elaborada – muito menos a usada – os podem refutar; de facto Coelho Lima é o principal responsável, com Sara Fernandes, pela vinda do pólo universitário das Nações Unidas para Guimarães; sem Coelho Lima o problema criado pelo PS na gestão das cooperativas municipais, de que o próprio Costa é um exemplo, não teria sido resolvido pelo Governo PSD/CDS; sem um debate amplo a toda a comunidade, que a Coligação estendeu aos demais partidos e instituições locais, a Via do Avepark, teria um traçado atentatório do ambiente, do território e delapidaria dinheiros públicos.

Em segundo lugar, porque todos, os que cá andamos no burgo, sabemos que o eixo da roda não é Costa, antes, Paulo Renato. O (contra) poder está em Moreira e não nas Termas.

Quando Paulo Renato quiser reduzir a pó, Costa e o seu deputado, carrega na ponta das molas e a “roupa que pôs a estender”, cai no chão desamparada. E Costa sabe disto. E sabe também que fica com Bragança ou com Paulo Renato: não poderá servir a dois senhores, como agora faz, esquecendo quem lhe deu vida. O tempo e a paciência de ambos estão a esgotar. A não ser que este último, já o tenha investido como líder da “fação” o que deveras se estranharia porque Renato é, a muitos Kms de distância, melhor do que Costa. Renato ganha eleições, Costa perde; Renato preside a associações, Costa é nomeado; Renato tem anos de partido, Costa e sucedâneos são produto de “aviário”; Renato é do terreno e Costa – ele sim – vive num mundo fantasioso cujo acordar será tão penoso quanto babilónico.

O que terá motivado, então, Costa? A indefinição de Paulo Renato. Diz-se que Renato – que tarda em assumir-se dando espaço a erros como este de Costa - busca um general para liderar as tropas no “assalto final” ao “ninho socialista”.

Costa viu a oportunidade para evidenciar-se antevendo largar Bragança para ficar com os Cónegos. Sem ver os inconvenientes, porque não sabe nadar, arvorou-se em McNamara, embora saibamos que do Ave não vêm grandes ondas por mais “banhos públicos” ou “ banhos velhos” que tente tomar.   


Bem Vistas as Coisas, o “Caldeu”, terá de optar por Bragança ou por Renato. Num caso sacrifica já o seu amigo neófito deputado. Noutro, sacrifica-se a ele próprio. Em qualquer dos casos, bem quisto este presságio provocado, já sabemos como a “estória” acabará em 2017: todos vão ralhar e ninguém terá razão! 

Artigo de Orlando Coutinho - Presidente da Comissão Política CDS Guimarães               

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