EcoIbéria... Interesses Conflituantes

sexta-feira, 23 de outubro de 2015


Ponto prévio: as preocupações ambientais devem sempre encimar os desígnios de qualquer órgão político.

Naturalmente, que nos tempos que correm, tais inquietações devem ser conjugadas com a maximização económica, no incentivo à instalação da indústria, exponenciando postos de trabalho.

Porém, apesar de ter tais desideratos em consideração, não se poderá nunca sacrificar o quadro populacional existente à luz do crescimento económico a todo o custo... nem querer impor, desmesuradamente, a terceiros algo que lhes vai acarretar um sacrifício deveras injusto.

E, em Guimarães, mais propriamente em Penselo tem ocorrido esta, aparentemente, insanável dicotomia. Tal deve-se à instalação da sociedade EcoIbéria – Reciclados S.A. na freguesia. Esta empresa, que segundo o seu sítio na Internet, irá encarregar-se de reciclar dois mil e duzentos kilos de lixo por hora.

Todavia, existem os outros problemas...

Desde logo, as populações que não foram tidas nem achadas na implantação da dita empresa. Com efeito, bastará ler e ouvir as várias notícias da imprensa local para aquilatar o quão problemática tem sido a convivência entre as partes. E será suficiente a deslocação às habitações dos moradores para se perceber o quanto foram desrespeitados na escolha do local para a implantação da recicladora.

Com efeito, esse desrespeito foi conducente a diversos danos nas suas habitações (rachadelas, afundamentos), barulhos e futuramente odores indesejados.

Mas, será a culpada a EcoIbéria?

Não, obviamente que não...como dissemos, até se saluta a instalação de investimento no nosso concelho e para isso aprovou-se em executivo municipal a isenção de impostos e taxas municipais.

Então, onde estará a culpa, se é que existe de alguma parte, ou este será um dos casos em que a dita morre solteira?

A nosso ver a resposta será simples e curta.

A Câmara Municipal de Guimarães prestou um péssimo serviço aos seus munícipes, inclusivamente aos cidadãos que votaram em quem a vai dirigindo.

Desde logo, bastará ler a minha amiga e Colega Cecília Oliveira Soares, em artigo de opinião no Reflexo Digital de 08 de Outubro de 2015, que escreve que “É certo que a licença que autorizou esta operação urbanística foi emitida pelo executivo camarário antes da aprovação, pela Assembleia Municipal de Guimarães, do novo PDM. Todavia, o espaço de tempo que medeia entre um facto e outro é de, sensivelmente, um mês, pelo que não se compreende como é que o procedimento de licenciamento não foi suspenso até à votação do novo PDM. O que seria, em minha opinião, o mais coerente, até porque foi o próprio executivo municipal que propôs que a área onde se pretende construir essa unidade fabril fosse classificada reserva ecológica no PDM vigente.”

Orá, este trecho será esclarecedor. Porque é que a licença foi emitida pela Câmara Municipal antes da aprovação do PDM?

Porque o mesmo não foi suspenso?

Aliás, se lembrarmos as notícias de Abril do presente ano, quando o mesmo foi aprovado, recordaremos com facilidade as criticas em uníssono dos partidos da oposição. Tais passavam pelo agendamento da proposta do Plano Director Municipal com meras vinte e quatro horas (!) de antecedência. Para algo que esteve em discussão durante três anos, haveremos de convir a rapidez e a solicitude em tal acto.

E se demorou três anos, qual a razão de tão rápido licenciamento?

Ou terá simplesmente sido para contornar a questão de tais terrenos virem a ser classificados de reserva ecológica, que como sabemos tratam-se de estruturas biofísicas que integram áreas com valor e sensibilidade ecológica. Tal restringirá a ocupação, o uso e a transformação do solo.

A verdade é que, como tem sido hábito no executivo municipal, nada é esclarecido... os munícipes, mesmo os afectados, não são merecedores de uma resposta clara sobre o que está a ocorrer. Efectivamente, os défices comunicacionais de quem manda são de todos conhecidos, mas a verdade é que quem desempenha um cargo público tem de estar preparado para dar resposta às dúvidas, inquietações e problemas dos cidadãos que o elegreram...e neste caso, como em outros, tal não tem sucedido!!


Reitere-se porém, que nada existe contra a empresa que procura simplesmente expandir o seu mercado e o seu trabalho... algo de legítimo e de salutar nos dias de hoje! Mas, reforce-se, porque é que quem podia alterar a localização desta, colocando-a num local que não afectasse nada nem ninguém, não o fez? E com que interesses? E com que intuito? Essas serão as perguntas do milhão de dólares...

VASCO RODRIGUES - Comissão Política CDS Guimarães

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