Vivemos tempos difíceis...
Ainda que, o actual governo faça esforços
por demonstrar que o garrote do cinto já se encontra mais desafogado, a verdade
é que as instâncias europeias demonstram a cada segundo que passa que os tempos
não estão para flores e as vacas gordas ainda
não pastam nas pradarias.
Assim sendo, a notícia ontem publicada no Jornal de Notícias sobre a inactividade dos Bens da Capital Europeia da Cultura 2012, que como sabemos foi em Guimarães, soa praticamente a afronta às dificuldades que os portugueses e, especialmente, os vimaranenses vão vivendo.
Com efeito, saber que o carro da
presidência que custou trinta e oito mil euros está guardado num parque, ao
abandono, sem seguro e inspecção demonstra a capacidade de gestão de quem se
encontra mandatado para tal.
Demonstra o despesismo de quem devendo
conhecer a cidade, ousou desbaratar o dinheiro dos vimaranenses, para depois
deixar sem utilidade tais bens.
Demonstra a falta de sensibilidade
política de quem tem a obrigação de resolver a situação, pois se o Governo,
como o que parece, tem uma palavra a dizer, urgia chegar à fala com o mesmo
para a liquidação ou imediato aproveitamento dos bens... ainda para mais sendo
o mesmo partido a gerir a situação de ambos os lados.
Demonstra ineptidão para gerir as contas
dos munícipes... 2012 já lá vai, quatro anos decorreram, e continuamos com bens
devolutos, sem utilidade e a deteriorarem-se a cada dia que passa, rumo a um
fim feliz num qualquer ferro velho ou sucata...
Demonstra falta de capacidade de diálogo,
palavra tão cara para o actual executivo, pois era de bom tom chegar à fala com
os demais interessados e potenciais compradores, de modo a tornar líquidos os
bens em vez de os deixar aprodecer...
Demonstra falta de visão, pois numa
sociedade que já foi condenada a pagar duzentos mil euros à administradora
Carla Morais, aquando da saída de Cristina Azevedo, tendo a fundação uma
provisão de trezentos mil, qualquer incremento patrimonial para fazer face a
despesas era bem vindo.
Porém, ninguém cuidou de fazer com que
tal ocorresse, permitindo que notícias embaraçosas apareçam nos jornais e dando
azo à pergunta se a CEC 2012 valeu a pena?
A resposta, para infelicidade nossa, não é tão óbvia como queríamos: valeu, mas teria valido muito mais.
Teria valido muito mais se a programa
cultural desse ano tivesse tido o lógico desenvolvimento... se 2012 não tivesse
sido um oásis, nos desertos que foram 2010,2011, 2013, 2014, 2015, que tem sido
2016.
Teria valido muito mais se Guimarães passasse a ser um pólo de atracção cultural ao lado do Porto... bastará analisar as agendas das duas cidades, para saber que isso não ocorre!
Teria valido muito mais se 2012 tivesse
servido para passar a existir uma política cultura de integração, que chamasse
todos os vimaranenses a participarem nas actividades, ao invés de eles olharem
para a cultura como algo próprio das elites.
Teria valido muito mais se tivesse
existido respeito pelos objectivos pretendidos, ao invés de passados quatro
anos ainda se estarem a inaugurar valências referentes à CEC, como a famigerada
Casa da Memória.
A acrescer, a estas notícias, simplesmente
se poderá chegar a uma conclusão: o executivo socialista olhou, apenas, para a
CEC 2012 como um veículo de auto-promoção, desrespeitando quem para ela olhou
com carinho...e o desinteresse na resolução dos problemas que vão surgindo só
demonstra tal realidade...para prejuízo de Guimarães.
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