O mês de Agosto em Guimarães é sempre época de um
renovado rebuliço... é a partida para férias
de muitos vimaranenses, a chegada de outros tantos que vindos de todas as
paragens do mundo aproveitam a época para regressar ao Berço, é o início da nova época futebolística e o recomeço das
ilusões referentes ao Vitória, uma das maiores bandeiras da cidade e uma das referências para grande parte dos vimaranenses, e das Gualterianas...
Quanto a estas, poderei dizer que me
lembro delas desde que, quase, me lembro de mim... Com o seu centro nevrálgico
no Campo da Feira e com barraquinhas a subir a Muralha e a percorrer toda a
Alameda até ao Toural davam um colorido especial ao centro da cidade, que
nesses dias ganhava um vida muito própria... e não era preciso esperar para o
Sábado à noite, que por tradição era dia da apresentação do Vitória, geralmente
na Taça Amizade, contra o Braga... e com resultados bem diferentes do que
ultimamente têm ocorrido quando os rivais minhotos se encontram.
Porém tudo mudou... Dir-me-ão serem
sinais dos tempos...dir-me-ão que uma cidade moderna não pode ter uma festa bem
no centro da cidade... dir-me-ão que por uma questão de organização urbanística
nada pode ser como antigamente....
Mas, a verdade é que a festa maior da
cidade Onde Nasceu Portugal
desenraizou-se e perdeu o substracto essencial: as pessoas e a sua comunhão com
a cidade. Diz-se fora desta cidade que o “máximo
que podem tirar a um vimaranense são as suas raízes e as suas tradições”;
raízes e tradições que passam pelo orgulho de pertencer ao berço pátrio, de no
24 de Junho não se festejar o S. João mas sim o a Batalha de S. Mamede e a
primeira tarde portuguesa e sentir-se embevecido quando no primeiro fim
de semana de Agosto se festejam as festas de São Gualter que culminam com a não
menos tradicional Marcha.
Mas, quiçá fruto dos sinais dos tempos
tudo mudou e nem a festa maior da cidade merece respeito...
Na verdade não lembraria a ninguém
deslocalizar os carrosséis para a zona do teleférico., olvidando que quem para
lá se pretende dirigir são pais com crianças pequenas, algumas de colo, e que
tal caminhada se assemelha a uma peregrinação com contornos de ida ao São
Bentinho da Porta Aberta e com uma subida própria para um atleta de trial, ainda para mais com o peso de uma
criança nos braços...
E tal colocação dos elementos de diversão
tão afastados da cidade deve-se a um erro crasso de cálculo da Câmara... que
imbuída de um espírito empreendedor inexplicável resolveu fazer obras de modo
extemporâneo no Parque das Hortas impedindo que o local habitual de diversão
pudesse receber os acessórios necessários a tal...
E com tamanho desleixo, e de uma penada,
matou as festas da cidade... os miúdos não vislumbram os carrosséis e deixa de
se sentir no ar aquela alegria pueril tão própria de uma celebração destas; os
pais, esses, recusam-se a realizar a prova de exercício físico destinada a
cumprir os desejos dos que se lembram que uma festa deve ter meios de diversão,
bastando-se à descoberta de onde; os comerciantes, esses, olham para as
Gualterianas como uma festa em decadência que não dá o lucro que outrora dera,
passando a considerar em futuras edições se vale a pena a deslocação e a
montagem dos seus artefactos...
Urge, pois, mudar... voltar a olhar para
um dos símbolos de Guimarães como parte integrante da cidade... acolher as
festas com o carinho que elas nos merecem no local que sempre foi seu, para
nos Vimaranenses voltar a refulgir o
orgulho de ter no seu âmago uma parte de si...aquele fim de semana de Agosto,
que ninguém dorme, e que se festeja o padroeiro da cidade...
P.S. E já agora, de preferência com a reedição da Taça Amizade e com o resultado habitual... o Vitória a ganhar ao Braga, algo que como sócio me habituei a ver em pequeno...
Artigo de Vasco Rodrigues - Comissão Política CDS Guimarães
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