O dia 25 de Novembro nunca foi evocado como devia ter
sido seja nos meios em que se faz política, seja na imprensa...aliás, nas aulas de história só muito superficialmente é abordado, o que
contribui desde logo para que os jovens estudantes fiquem sem a noção da
importância do dia e o mesmo seja permanente injustiçado!
E com efeito, tem relevância e muita...e cada vez
mais!
Na verdade, foi a partir deste dia de 1975 que
Portugal pôde consolidar-se democraticamente, disse não a radicalismos. Evitou-se, pois, a sua transformação num estado socialista com uma mais que provável guerra civil a suceder, negou-se a construção da ansiada Cuba europeia, e partiu-se do
Processo Revolucionário em Curso para o Processo Constitucional em Curso.
Constituição, essa, que apesar de ser de matiz
eminentemente socialista – uma concessão que até Freitas do Amaral reconhece
nas suas memórias – permitiu que o país soubesse entrar nos caminhos da Europa
moderada, civilizada, o que foi conducente a um posterior processo de
integração europeu.
E, isso, tem de ser valorizado...
Mas, para além disso, porque depois do 25 de Novembro,
não existiram mais momentos tenebrosos como os militantes vimaranenses do CDS
viveram no famigerado Comício do Teatro Jordão, em que a vontade de
constranger, o ódio, a intolerância por quem em tempos tão difíceis ousava
pensar diferente, quase levava a uma tragédia de proporções inimagináveis.
E por isso, nunca poderíamos deixar de evocar tal
data...
Ainda para mais, quando ontem, fruto de um processo em
tudo semelhante com o PREC de há quarenta anos, um dos partidos que soube fazer
pender a balança, na altura, para a legalidade democrática, assenhoriou-se do
poder, assaltando-a de forma subreptícia.
Assalto esse, que para as esquerdas radicais de hoje,
não é mais do que a tentativa de almejarem o que falharam há quarenta anos. A
tentativa de impor o discurso de Estado em detrimento do individuo, a tentativa
de impor um estado musculado em detrimento de um estado que se quer social, mas
deixa espaço ao eu, a tentativa de amordaçar quem quer empreender, arriscar e
ousar...
E, hoje, passados 40 anos, e por isso, o caminho é
mais pedregoso do que nunca...
E se, passados estes anos, e tendo dado como
adquiridas os direitos, liberdades e garantias para se vislumbrar desde o
passado dia 04 de Outubro que as mesmas não se encontram consolidadas do modo
que se pensava, tal data foi evocada de modo simples, cabe-nos agora, conservadores,
liberais ou democratas-cristãos, reforçar a importância de tal evocação...
Pois, como então, hoje a liberdade está em perigo!
Artigo de Vasco Rodrigues - Comissão Política CDS Guimarães