A Europa vive em sobressalto.
Outrora, um espaço acolhedor, aprazível e onde a paz
era um dado adquirido, tornou-se um cenário de guerra, inquieto, onde qualquer
local pode ser alvo de um atentado.
Madrid em 2011 e Paris, duas vezes no presente ano,
são alguns dos retratos de tal realidade e que nos fazem pensar se, enquanto
cidadãos responsáveis na nossa medida pela integração europeia, falhamos.
E a resposta será dolorosamente afirmativa...
Numa época em que se vangloria o mais forte, o mais
apto, o mais resoluto, o mais bem sucedido, em que quem tem mais dinheiro olha
de soslaio e com desprezo pelo que tem menos, a Europa esqueceu-se de perceber
a distinção no binómio crescimento/desenvolvimento.
E a verdade é que neste momento, socialmente, a Europa
parece ser um ser que tem problemas com um crescimento acima da média, mas
cujos membros são desproporcionais do tamanho do tronco e a cabeça não encaixa
nas restantes partes do corpo.
E é essa terá de ser sempre uma das preocupações de um
democrata cristão, que deve ser uma das matizes sociais que terá de encorpar
sempre o pensamento da construção europeia.
Efectivamente, depois de assistirmos à barbárie da passada Sexta feira, chegamos a uma cruel conclusão: se os algozes que perpetraram tais hediondos actos eram cidadãos Europeus de pleno direito, a verdade é que todos nós falhamos!
E esse falhanço começou no momento do nascimento de
quem transvergiu no caminho que deveria seguir... falhou no momento em que
desde o infantário separamos os petizes pelas capacidades ou até pelo
rendimento dos pais...falhou desde que na primária existem turmas de bons
alunos devidamente selecionados... falhou nos liceus e nas universidades em que
os professores se esquecem de tentar perceber os problemas que um qualquer jovem
traz na alma... ou quando no mercado de trabalho ostracizamos aquele colega que
por qualquer razão, naquele dia, é incapaz de acompanhar o nosso ritmo, as
nossas ideias, os nossos objectivos.
E isso, perdoem-me, a culpa será de todos... todos
nós, nos habituamos a premiar os que almejam com maior facilidade o sucesso, a
querer acompanhá-los, até a invejá-los... e em sentido contrário a repudiar a
quem ninguém ouve...
E será esse o grande papel da democracia cristã na
Europa, nos dias de hoje. Ser a bandeira da integração do espaço comunitário, o
fiel de uma balança entre o capital e as pessoas, o humanitarismo num mundo
necessariamente monetarista... O tempo urge,pois...e, apesar do que se perdeu jamais poder
ser recuperado, mas nunca será tarde para começar!!
Artigo de Vasco Rodrigues - Comissão Política CDS Guimarães
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