O meu "25 de Abril"

terça-feira, 28 de abril de 2015

Por Alfredo Sousa
Quando chega esta data há um exercício que todos gostam de fazer: relatar o seu “25 de Abril”. Aqueles que participaram na revolução relatam-nos, ao pormenor, como ela foi preparada, executada e como culminou. Aqueles que assistiram à revolução contam-nos como foram apanhados de surpresa e aquilo que viram e ouviram. Outros preferem exaltar o 25 de Novembro como o verdadeiro culminar da revolução. Respeito todos. Mas eu não vivi este tempo e, como devem compreender, não é uma data marcante para mim porque não me traz sentimentos. Mas eu, e a minha geração, tivemos o nosso “25 de Abril”. O dia em que ganhamos mais liberdade, mais autonomia e o dia em que voltámos a ter um futuro. Não, não foi o dia em que a Troika saiu de Portugal. Foi o dia 5 de Junho de 2011: o dia em que José Sócrates saiu do Governo de Portugal.
Para mim, o 25 de Abril de 74 assim como o 25 de Novembro, não passam de datas históricas e de momentos marcantes na nossa história. São tão importantes para mim como o 24 de Junho de 1128, o 5 de Outubro de 1143 ou o 1 de Dezembro de 1640. Não vivi esses marcos e, por isso, atribuo-lhes a importância que devem ter segundo aquilo que são: história. No entanto, vivi sob um Governo socialista, liderado por José Sócrates, durante 6 anos e isso marcou-me. Marcou-me porque vi nele um oportunista, um mentiroso que apenas queria governar-se a si e aos seus amigos e um projecto de ditador. E assisti a tudo isso, vendo uma imprensa que o venerava (até ele a querer controlar), um partido que o apoiava e que ainda hoje o apoia e um povo que o aplaudia iludido pela sua figura, pela sua retórica e demagogia. Assisti a professores serem “castigados” por terem criticado José Sócrates e o PS calado. Assisti a uma jornalista ser “corrida” de uma televisão por insistir em noticiar suspeitas sobre o mesmo e o PS calado. Assisti ao caso Cova da Beira, ao caso Freeport e a muitos outros casos e o PS calado. Assisti à hipoteca do meu futuro e o PS aplaudia. No sábado, estavam, todos a defender o dia da liberdade. Nestes dias, estavam calados.
Foi, então, no dia 5 de Junho de 2011 que nos livrámos de José Sócrates. Livrámo-nos dele, não com uma revolução mas com a força da democracia, através da vontade do povo. É certo que foi necessário irmos até à falência para que o povo se apercebesse que aquilo que lhes era “vendido” não passava de ilusão e mentira. Foi preciso batermos no fundo para o país se soltar do “canto da sereia”. Mas conseguimos!
 E, por muito que nos custe, viver nessa ilusão e nessa mentira, tem um preço. Um preço que temos que pagar quer gostemos quer não. A esse preço chama-se austeridade. Chama-se deixar de gastar aquilo que não temos e passar a gastar aquilo que temos. É injusto, eu sei. Mas para muito é justo. É justo porque a escolha foi deles. E, caso não se recordem, José Sócrates ainda voltou a ganhar as eleições de 2009, após 4 anos de mentiras e desgoverno. 
Este foi, provavelmente, o momento mais marcante da minha história. O momento em que eu deixei de me sentir controlado, em que deixei de temer pelo futuro do meu país e passei a ter esperança. Não vivi o 25 de Abril nem o 25 de Novembro mas vivi o 5 de Junho de 2011 e para ele contribuí. Espero, um dia, contar aos meus filhos e aos meus netos que fui um dos que ajudaram a tirar do Governo de Portugal aquele que levou o nosso país à falência e ainda me deixou a conta para pagar. Quero, também, contar-lhes que a partir daí Portugal não voltou a cometer o mesmo erro. Para isso, darei o meu contributo, também, nas próximas eleições legislativas. Tudo farei para que não voltemos atrás. Que o povo assim o queira e não cometa o mesmo erro.
Presidente da Distrital JP Braga

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