Populismo em Portugal

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Por Alfredo Sousa
Há um fenómeno que se tem vindo a alastrar pelo mundo e que há muito tem vindo a ser combatido na política. Esse fenómeno denomina-se por populismo. Este fenómeno, que tem predominância na América Latina, alastrou-se também à América do Norte (com Barack Obama) e, de seguida, a alguns países da Europa, nomeadamente, os latinos, tais como, Grécia, Itália e Espanha. E toda a gente se pergunta por que razão este fenómeno ainda não chegou a Portugal como o Syriza na Grécia ou o Podemos em Espanha. A razão é simples: porque o seu espaço já está ocupado. Há muito tempo.
Desde o aparecimento do Bloco de Esquerda, partido inspirado no populismo da América Latina e que tem como partido-irmão o Syriza, por exemplo, que o populismo se instalou em Portugal. O BE transpirava esse mesmo populismo e temeu-se que poderia crescer significativamente, na sua época áurea, a era Louçã. Mas, ao contrário dos outros países europeus, nos quais o populismo é combatido com a moderação dos partidos tradicionais, nós por cá encontrámos uma solução bem mais eficaz: José Sócrates. O PS, com medo da ascensão do BE e apercebendo-se que parte do seu eleitorado estava a fugir para este, abraçou o populismo e nunca mais o largou. Sócrates e o PS, inspirados nos fenómenos Obama e Chávez, cedo lhes copiaram o exemplo e começaram a prometer os impossíveis. Quem não se lembra dos 150.000 empregos prometidos por Sócrates? Pois bem, no final da sua governação, Portugal não apenas não tinha os 150.000 empregos prometidos como tinha menos 300.000 empregos, segundo os dados do INE. A grande crença que Sócrates “vendia” ao país era que com investimento público se criava emprego e, portanto, quanto mais investimento público se fizesse mais emprego se criava, daí a “necessidade” do TGV, um novo aeroporto, a terceira autoestrada Porto-Lisboa e o número de PPP’s contratadas que fizeram disparar a dívida pública. Portanto, investimento público não faltou na era Sócrates, visto que a dívida pública passou de 60%, do início do seu mandato, para 122% no final do mesmo. Ou seja, como podem ver por estes dois indicadores, investimento público não gera emprego e, neste caso, até aconteceu o contrário, aumentou o desemprego. 
O Partido Socialista sempre esteve bem ciente de tudo isto e do tipo de governação de José Sócrates. A sua governação nunca foi contestada pelos dirigentes do partido, nem por quase nenhum militante, tirando um ou outro histórico e pelos agora denominados “seguristas” que já ninguém os vê. Isto porque, faz parte da estratégia do PS continuar com o populismo para que Marinho e Pinto ou o BE não ganhem espaço no nosso sistema político e não roubem votos ao PS. Vai daí, o partido optou por chamar à sua liderança o número dois de Sócrates: António Costa. Se repararem, o estilo é o mesmo, embora as cópias nunca sejam iguais aos originais. Costa, diz tudo aquilo o que o povo “quer ouvir”. Já veio prometer a reposição total dos salários e pensões, a devolução da sobretaxa de IRS, a redução do IVA da restauração, já veio até dizer que Portugal precisa de 500.000 empregos, quase em jeito de promessa. Tudo gira em torno da figura de António Costa. O homem que fala bem, que não tem programa mas tem boa imagem. Promete mundos e fundos e depois fugirá como Guterres ou Sócrates quando vier a conta para pagar. O populismo não terá novos protagonistas em Portugal porque o PS é o grande representante do populismo e, assim, anula todos aqueles que tentam ir por essa via.
Para terminar, gostava de lembrar a entrevista dada por Teixeira dos Santos à TVI, na última segunda-feira. Foi, talvez, o maior exemplo de esquizofrenia política que já vi. Não é que o ministro das Finanças de Sócrates, aquele que era responsável por arranjar o dinheiro para os “investimentos públicos” de Sócrates, aquele que sabia perfeitamente da situação para que o país caminhava, aparece agora como o salvador da pátria, por ter tido a “coragem” de enfrentar o mestre e “obrigá-lo” a pedir o resgate? 
Não haja dúvida, o populismo do PS não tem limites.
Presidente da Distrital JP Braga

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