Não Somos Todos Gregos!

sexta-feira, 6 de março de 2015


Começo este artigo por definir dois conceitos que nada têm a ver um com o outro, mas que têm vindo a ser confundidos pela esquerda política em toda a Europa.
O primeiro é o conceito de política. Entre várias definições, podemos definir política como sendo uma técnica que visa “alcançar os melhores resultados com o menor dispêndio de esforços”, ou então, como a arte de governar.
O outro conceito é o conceito de ilusionismo. Entende-se por ilusionismo a arte performativa que tem como objecto entreter um público dando a ilusão que algo sobrenatural está a ocorrer.
Como podemos comprovar, os dois conceitos referenciados em nada se assemelham, porém, o Syriza, partido do poder na Grécia, não tem a mesma opinião e tende, como até agora se tem visto, a fazer ilusionismo em vez de fazer política.
Erro crasso porque política é real e ilusionismo não!
Felizmente, o tempo vai fazendo o Syriza e o seu líder Aléxis Tsípras caírem na realidade, não tendo sido preciso mais de um mês após a sua vitória nas urnas para que um número considerável de promessas eleitorais ficassem pelo caminho.
Quem não ouviu Tsípras dizer que ia renegociar a dívida com o objectivo de obter um perdão parcial da mesma? Ou então, os malabarismos de Varoufakis que mais não passavam do que soluções ocas que tinham todas, como resultado final, grandes perdas para os credores? E as promessas de aumento do salário mínimo e do congelamento das privatizações? Pois é...
Tsipras disse ainda, no seu discurso de vitória, que o memorando tinha chegado ao fim e que a Troika também. No entanto, como política é política e ilusionismo é ilusionismo, vimos a Grécia assinar um “acordo”, que em nada é diferente de um memorando, mas que Tsípras insiste em distinguir. Neste encontra-se enunciado que a Grécia se compromete a honrar todos os seus compromissos com a União Europeia. 
Para além disso, a Grécia continuará a receber “visitas” de representantes do FMI, BCE e da Comissão Europeia, os três órgãos que formam a troika, mas agora denominados de “instituições”. Como já acontecia no passado, as tranches só voltarão a ser enviadas para a Grécia quando as “instituições” e o Eurogrupo aprovarem. Portanto, nada de novo. Tsípras mentiu, foi demagogo e venceu umas eleições com base num programa que, como disse o Primeiro-Ministro Português e bem, era um “conto de crianças”.
Foi muito rápido até que o Syriza tivesse que abandonar as suas políticas de anti-austeridade e facilmente se percebe o porquê. O país não tinha dinheiro para fazer face aos seus compromissos, não tinha dinheiro para recapitalizar a sua banca e começava a não ter dinheiro para pagar ordenados à função pública e pensionistas.
Nem mesmo o espectáculo mediático protagonizado por Tsipras e Varoufakis serviu-lhes de muito, bem pelo contrário! A postura destes dificultou-lhes, e muito, as negociações para conseguirem um bom acordo.
A Grécia terá agora de vender aquilo a que chama de “acordo” e não de memorando aos seus deputados e à sua população, ao mesmo tempo que terá de mostrar que tem capacidade para fazer cumprir aquilo com que se comprometeu. 
Cabe-nos a nós, portugueses, tirar as devidas ilações do caso grego.
 Ouvimos por diversas vezes, os arautos das desgraça falarem em renegociações da dívida, falarem em mais tempo, falarem numa possível saída do euro ou até mesmo dizerem que não devíamos pagar a dívida. O resultado desta postura irresponsável está ilustrada nesta breve aventura do Syriza. 
“Não somos todos Gregos!”.

ARTIGO DE JOÃO MOÇA - membro da comissão política CDS

0 comments

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.