Sindicalistas VIP

terça-feira, 24 de março de 2015

Por Alfredo Sousa
A propósito da polémica gerada pela suposta existência de uma lista de contribuintes VIP, decidi que estava na hora de criar uma lista, também ela, VIP. É, assim, que nasce a lista de sindicalistas VIP.
Devo começar por dizer que nunca fui fã de sindicalistas. Sei que eles tiveram a sua importância há uns anos atrás mas como sou novo e acompanho a vida da sociedade há uns 10 anos, nunca vi nos sindicatos a utilidade que eles reivindicam para si próprios. Por isso, optei por procurar, primeiro, qual o número de sindicatos existentes em Portugal. Estive a pesquisar no Google e não encontrei nenhuma plataforma oficial que indicasse o número de sindicatos existentes em Portugal. Tive que passar ao plano B: Páginas Amarelas. Ao introduzir na pesquisa das Páginas Amarelas a palavra “sindicato”, apareceram 394 resultados. Existem duas grandes aglomerações de sindicatos: CGTP e UGT. Nem todos os sindicatos pertencem a estas duas e, alguns dizem-se autónomos e independentes apenas por uma questão de marketing. A CGTP, como toda a gente sabe, tem nos seus quadros dirigentes uma influência hegemónica do PCP. A UGT foi criada pelo PS e pelo PSD, precisamente, para combater a hegemonia do PCP na força sindical. Portanto, aquilo que tem como génese o objectivo de defender os interesses dos seus associados passou a ser um braço armado dos partidos políticos. 
Com o passar dos anos, dirigente sindical passou a ser uma profissão. Basta fazer uma pequena consulta no Google para se perceber o número de profissionais que se tornaram dirigentes sindicais a tempo inteiro, ou seja, que se tornaram “Mários Nogueiras”. Isto até tinha piada se não fossem eles pagos com o nosso dinheiro. Refiro-me apenas àqueles que são funcionários públicos, como é o caso de Mário Nogueira. Mário Nogueira foi professor, mas há 20 e alguns anos que não é. É dirigente sindical da Fenprof. Recebe, assim, o salário que recebia como professor, pago pelo Estado e, pasme-se, é avaliado como se fosse professor. Mário Nogueira tem a imprensa ao seu dispor. Seja qual for o tema, ou o problema relacionado com a educação, Mário Nogueira tem sempre o seu tempo de antena, tem sempre o seu direito à opinião e à sua lista de exigências difundida a nível nacional. Mário Nogueira não reúne com o ministro da Educação para negociar. Mário Nogueira “negoceia” através dos telejornais. Como Mário Nogueira, há mais. Veja-se, por exemplo, Carvalho da Silva. Manuel Carvalho da Silva foi líder da CGTP durante 25 anos. Em todo esse tempo foi, também, filiado no PCP. Depois de sair da CGTP, em 2011, Carvalho da Silva anunciou que se iria desfiliar do PCP. Agora fala-se que é um possível candidato à Presidência da República. Estes dois profissionais do protesto têm muito poder, sobretudo muito mediatismo, o que lhes permite influenciar a governação muitas vezes. Permite-lhes, sobretudo, combater reformas no sistema público que o PCP não tem poder para combater (porque o povo não lho dá). Estes, entre outros, pertencem à minha lista de sindicalistas VIP. Mas há agora um novo candidato a entrar para a lista de sindicalistas VIP: Paulo Ralha.
Paulo Ralha, o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, foi quem denunciou a existência de uma lista de contribuintes VIP. Quando se lhe perguntou pelas provas da existência dessa mesma lista disse que não as tinha, mas a denúncia já estava feita e a suposta lista já tinha aberto todos os telejornais. Paulo Núncio, Secretário de Estados dos Assuntos Fiscais, disse não ter conhecimento da mesma e acusou Paulo Ralha de ter motivações políticas por detrás da denúncia, ao qual este respondeu que o que "nos moveu desde o início foi a defesa dos trabalhadores, a defesa dos contribuintes, a defesa do Estado de direito". Mais uma pequena e rápida pesquisa e conseguimos saber que Paulo Ralha foi candidato a deputado pelo BE e, recentemente, declarou o seu apoio a António Costa. Ou seja, um dirigente sindical que foi candidato a deputado pelo BE e é, actualmente, apoiante declarado de António Costa (basta consultarem este link:  clique aqui) não tem quaisquer motivações políticas ao fazer uma acusação sem provas a um Governo PSD-CDS a poucos meses de eleições legislativas, na opinião do próprio.


Na minha opinião, Paulo Ralha só tem é motivações políticas, a exemplo de Mário Nogueira e Carvalho da Silva. É mais um que se aproveita do sistema para conseguir algo para si, É, em suma, mais um aspirante a sindicalista VIP.

Presidente Distrital JP Braga

0 comments

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.